Fiscais do trabalho morrem em emboscada em MG

Três fiscais da Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais e um motorista que realizavam uma fiscalização em fazendas da região noroeste de Minas Gerais foram mortos a tiros numa emboscada na manhã desta quarta-feira (28), próximo à cidade de Unaí. Acredita-se que a execução tenha sido uma represália por parte de fazendeiros envolvidos com o trabalho escravo
Por Leonardo Sakamoto
 28/01/2004

Três fiscais da Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais, Erastótenes de Almeida Gonçalves, Nelson José da Silva e João Batista Soares Lages, e um motorista, Aílton Pereira de Oliveira, que realizavam uma fiscalização em fazendas de feijão na região noroeste de Minas Gerais foram mortos a tiros numa emboscada na manhã desta quarta-feira (28), próximo à cidade de Unaí.

De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, o motorista, mesmo baleado, conseguiu dirigir até uma estrada, onde foi socorrido. Levado até o Hospital de Base de Brasília, não resistiu e faleceu no início da tarde. Antes de morrer, o motorista descreveu a emboscada: um carro Fiat Strada parou o veículo da equipe de fiscalização, e homens fortemente armados desceram e fuzilaram os fiscais. Os três fiscais – dois de Belo Horizonte e um de Paracatu – morreram na hora com tiros na cabeça. Acredita-se que a execução tenha sido uma represália por parte de fazendeiros envolvidos com o trabalho escravo na região.

Nilmário Miranda, secretário especial para Direitos Humanos, Raquel Dodge, procuradora federal adjunta dos direitos do cidadão, Ricardo Berzoini, ministro do Trabalho e Emprego, Ruth Vilela, secretária nacional de inspeção do Trabalho e a Polícia Federal se dirigiram à região para acompanhar as investigações. Não há suspeitos do crime e não se sabe qual fazenda da região seria fiscalizada pela equipe.

É a primeira vez que morrem fiscais por causa da ação contra o trabalho escravo. O crime é ainda mais surpreendente por tratar-se de uma região cuja violência não se compara a do sul do Pará, recordista de denúncias contra o trabalho escravo e de ameaças contra os fiscais. Além disso, Unaí está a 170 quilômetros de Brasília e não na região de fronteira agrícola amazônica. Vale lembrar, porém, que é representantivo o número de proprietários de terra da região de Unaí que também possuem fazendas no Sul do Pará, onde a força da lei é mais tênue e boi vale mais que gente. Colaborou Bia Barbosa

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