Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados com o voto de quase 60% de seus colegas em fevereiro deste ano. Em sete meses de mandato, defendeu publicamente a contratação de parentes no parlamento e batalhou pelo aumento abusivo do salário dos deputados federais. Interveio em nome da Destilaria Gameleira, empresa pernambucana flagrada repetidas vezes com a utilização de trabalho escravo em sua fazenda no Mato Grosso. Severino ligou para a BR Distribuidora (braço de varejo da Petrobrás) e a Ipiranga usando o peso do seu cargo para questionar o motivo das empresas terem cancelado os contratos de compra de álcool da Gameleira.
A suspensão nos acordos comerciais entre ambas as empresas aconteceu após terem conhecimento do estudo da Repórter Brasil, que identificou a cadeia produtiva do trabalho escravo no país, e de terem assinado o Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, iniciativa do Instituto Ethos de Responsabilidade Social e da Organização Internacional do Trabalho.
Hoje, a maioria dos deputados federais pede – enfim – a sua cassação por quebra de decoro parlamentar após denúncia de que teria cobrado um “mensalinho” de R$ 10 mil por mês para que o empresário Sebastião Buoni mantivesse a concessão de seu restaurante na Câmara. Caso isso ocorra, os deputados estarão prestando um serviço ao país. Contudo, grande serviço prestarão também a população se nas eleições do ano que vem cobrarem de seus representantes as razões de terem votado em Severino para presidência.
O voto é secreto e não há uma lista oficial dos que o elegeram. Perguntar está difícil, pois poucos são os que se lembram de terem dado apoio a ele. Mas vale rever e guardar o registro fotográfico da comemoração (com direito a chuva de papel picado) feito pela Agência Brasil após o anúncio do vencedor. Confira se o seu deputado está no meio da festa.
