Violência no campo

Acusado de ser mandante da chacina de Unaí é preso pela PF

O fazendeiro Norberto Mânica foi preso pela Polícia Federal na tarde desta segunda-feira (17) em Brasília (DF). Ele estaria atrapalhando as investigações sobre a chacina de Unaí, em que é acusado de ser o mandante do assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego
Por Repórter Brasil
 17/07/2006

O fazendeiro Norberto Mânica foi preso pela Polícia Federal na tarde desta segunda-feira (17) em Brasília (DF). Segundo informações da PF, ele estaria atrapalhando as investigações sobre a chacina de Unaí, em que ele e o irmão, Antério Mânica, prefeito desse município de Minas Gerais, são acusados de serem os mandantes do crime. O mandato de prisão preventiva foi expedido pela 9ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais pelo juiz Francisco de Assis Betti, a pedido do Ministério Público Federal, no dia 13 de julho. Norberto será transferido e ficará preso em Minas Gerais.

Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais Nelson José da Silva, João Batista Lages e Erastótenes de Almeida Gonçalves e o motorista Ailton Pereira de Oliveira – todos do Ministério do Trabalho e Emprego – foram emboscados e assassinados enquanto realizavam uma fiscalização rural de rotina na região de Unaí, Noroeste de Minas. O caso ganhou repercussão na mídia nacional e internacional, o que levou o governo federal a uma caçada aos executores e mandantes do crime.

As investigações da Polícia Federal, encerradas seis meses após seu início, no segundo semestre de 2004, apontaram como mandantes dos assassinatos os fazendeiros Norberto e Antério Mânica, que estão entre os maiores produtores de feijão do mundo. Chegaram a ser presos, mas ganharam a liberdade logo depois. Após isso, Antério foi eleito prefeito de Unaí pelo PSDB, com 72,37% dos votos válidos, ganhando fórum privilegiado. Seu irmão Norberto foi liberado em agosto de 2005, após o Supremo Tribunal Federal (STF) lhe conceder um habeas corpus. Alberto de Castro, o Zezinho, que agiu como intermediário no caso, também está livre por conta de um habeas corpus.

O inquérito entregue à Justiça afirmou que a motivação do crime foi o incômodo provocado pelas insistentes multas impostas pelos auditores, sendo que Nelson José da Silva era o alvo principal. Ele já havia aplicado cerca de R$ 2 milhões em infrações à fazenda de Norberto Mânica por descumprimento de leis trabalhistas.

Os outros seis envolvidos estão atualmente presos. Entre eles, estão os três executores: os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva (o Júnior), Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda. O contratante dos matadores, Francisco Élder Pinheiro (conhecido como “Chico Pinheiro”) e o intermediário Humberto Ribeiro dos Santos também estão detidos.

Hugo Alves Pimenta, comerciante de cereais e patrão de “Zezinho”, o outro intermediário, estava solto, mas voltou para cadeia depois que a Polícia Federal descobriu que ele depositava dinheiro em contas de namoradas dos pistoleiros. Além disso, a PF apurou que ele havia prometido R$ 400 mil a cada matador que mantivesse no seu depoimento a versão de assalto para os assassinatos.
 

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