Rendeiros que viviam como “escravos” estão de volta à PB

 03/10/2006

ROSÂNGELA ARAÚJO
Terminou no último domingo a operação que libertou os 44 paraibanos que estavam sendo obrigados a trabalhar em sistema de escravidão no Rio de Janeiro. A operação foi encerrada com a chegada dos trabalhadores na cidade de São Bento, no Sertão do Estado, que foram escoltados, durante três dias de viagem, pela Polícia Rodoviária Federal. O desembarque foi esperado por centenas de pessoas, principalmente familiares, que acompanharam de longe os dilemas vividos pelos rendeiros na capital fluminense. Por mantê-los em condições de escravidão, os empregadores foram obrigados pela Justiça a pagar R$ 100 mil em verbas rescisórias aos 44 trabalhadores.

De acordo com o auditor fiscal do trabalho do Rio de Janeiro Guilherme Moreira, alguns trabalhadores chegaram a receber R$ 6 mil. A operação que libertou os 44 trabalhadores foi iniciada no dia 18 de setembro depois que o caso chegou ao conhecimento da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, através de várias denúncias. O Ministério Público do Trabalho (MPT/RJ) e o Ministério do Trabalho Estadual (RJ) checaram as denúncias e comprovaram que todos eram mantidos em situação análoga a de escravo, na favela do Catiri, no bairro de Bangu, zona oeste da cidade. Os trabalhadores vendiam redes e mantas nas ruas e praias do Rio de Janeiro, para pagar dívidas contraídas com os empregadores.

De acordo com o MTE, a escravidão por dívida começou no momento em que eles deixaram sua cidade de origem. Na ocasião, um aliciador do trabalho escravo, conhecido como ‘Gato', repassou aos trabalhadores a quantia de R$ 1,5 mil deixada com as famílias, que seria paga com a venda de redes no Rio. A cada venda, o trabalhador receberia 3 reais, que supostamente seriam abatidos da dívida. Os alojamentos em que viviam eram galpões improvisados com redes que serviam de cama. De acordo com Guilherme, um dos galpões teve que ser interditado por ser fétido, escuro e úmido, sem condições de ser habitado.

Depois de retirar os trabalhadores dos alojamentos e acomodá-los em outros locais, o MTE, através da Delegacia Regional do Trabalho (DRT/RJ), determinou aos empregadores Manoel Gomes Xavier, Kévio Romênio Monteiro da Silva e Norlândio Souza Azevedo o pagamento da indenização aos vendedores. Os empregadores também se responsabilizaram pelo transporte dos empregados até a Paraíba. A viagem foi feita em ônibus convencional.

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM