Congresso americano quer investigar uso de trabalho escravo no Brasil

 28/11/2006

NEWARK. O Congresso americano vai investigar o uso de trabalho escravo no Brasil na produção de insumos básicos para a indústria automobilística, revelaram ontem os deputados democratas Eliot Engel, de Nova York, e Dennis Kucinich, de Ohio. Os parlamentares americanos vão propor audiência para investigar o emprego de mão-de-obra escrava na produção de carvão vegetal na Amazônia, matéria-prima para produção de aço.

Segundo reportagem da revista "Bloomberg Markets", da edição de dezembro, praticamente todas as fabricantes americanas de automóveis – inclusive as duas maiores do mundo, General Motors e Toyota – usam matéria-prima cuja produção começa com o uso de mão-de-obra escrava.

– Certamente pretendo instalar as audiências – disse Engel. – A maioria dos americanos ficaria chocada se soubesse que está dirigindo carros ou comprando refrigeradores que foram fabricados com ferro-gusa que envolve a utilização de mão-de-obra escrava.

Fiscais vêm atuando desde 1993 na região da Amazônia
Nos últimos dois anos, promotores e fiscais do Ministério do Trabalho do Brasil libertaram centenas de escravos que trabalhavam em condições desumanas e sem receber pagamento em carvoarias que abastecem pelo menos seis fabricantes de ferro-gusa, segundo documentos do governo brasileiro. Os fiscais vêm localizando escravos em carvoarias desde pelo menos 1993.

Em setembro passado, jornalistas da Bloomberg acompanharam uma força-tarefa do governo brasileiro que realizou uma batida na carvoaria da Transcametá, próxima a Tucuruí (PA). Os fiscais encontraram 29 escravos trabalhando no local em jornadas de seis dias por semana sem ter acesso a moradia, energia elétrica e água encanada. Havia três meses que eles não recebiam salários. Os trabalhadores também se viam impedidos de deixar as áreas de trabalho.

As denúncias de utilização de trabalho escravo podem ter desdobramentos comerciais, caso o Congresso americano determine sanções contra o Brasil.

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