Maranhão lidera trabalho escravo no país

 21/11/2006

Dados do Ministério do desenvolvimento agrário revelam que o estado está à frente no ranking de exportação de mão-de-obra escrava

Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) assinalam que 40% dos trabalhadores escravizados no Brasil são maranhenses. No país, ainda existem 25 mil trabalhadores em regime de trabalho escravo. O Maranhão lidera o ranking nacional de exportação de mão-de-obra escrava. Esses números foram apresentados ontem pelo consultor jurídico do MDA, Carlos Henrique Kaipper, na abertura do seminário "Trabalho Escravo – Vamos abolir esta vergonha", no auditório do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-16ª Região).

Além de ser o primeiro da lista na exportação de mão-de-obra escrava, o Maranhão ainda aparece com 10% dos fazendeiros escravagistas no país na chamada "Lista Suja". A lista formulada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apresenta o nome de empregadores explorando mão-de-obra escrava em propriedades rurais.

"Nós temos um plano específico para a erradicação do trabalho escravo no país e o Maranhão está no plano desde o princípio. No seminário, faremos um diagnóstico das ações, pois a incidência desse tipo de crime no estado ainda é significativa, e queremos acabar com essa situação de uma vez por todas", declarou Kaipper.

trabalhadores
Nos últimos quatros anos, 1.300 trabalhadores em condições análogas ao trabalho escravo foram libertados no estado. De acordo com Carlos Henrique Kaipper, os trabalhadores foram resgatados em propriedades com atividade na pecuária, na cultura da soja e nas carvoarias.

"No Maranhão, nós encontramos essas três situações. O trabalhador estava na pecuária, nas fazendas de soja ou nas carvoarias. A situação do Maranhão é complicada, pois, além de fornecer a mão-de-obra, também passou a se utilizar da mão-de-obra escrava, e as novas fronteiras agrícolas são propícias para esse tipo de crime", afirmou Kaipper.

Os trabalhadores maranhenses vão em sua maioria para os estados do Pará, Mato Grosso e Tocantins. Metade dos trabalhadores que são aliciados no estado vai trabalhar na pecurária. Já os piauienses são os que mais vêm para as propriedades escravagistas no estado. O vizinho Piauí é o segundo estado exportador de mão-de-obra para o trabalho escravo.

"Três fatores são responsáveis por essa situação: pobreza, a ganância dos escravagistas e a impunidade. Isso faz com que os trabalhadores nesses estados estejam muito vulneráveis", disse Kaipper.

O superintendente regional do Incra, Raimundo Monteiro, afirmou que é necessário começar a expropriar e confiscar as terras onde for flagrada a exploração de mão-de-obra escrava.

"A exemplo do que já ocorre com as terras onde a plantação de culturas usadas como drogas, é preciso desapropriar e confiscar essas terras onde é flagrada a utilização da mão-de-obra escrava. O Incra está trabalhando para que possamos desapropriar essas terras para fins de reforma agrária", disse Monteiro.

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM