O bumba-meu-boi em São Paulo

 01/11/2006

A cultura do bumba-meu-boi tem muitos adeptos em São Paulo. Isso porque, em fins da década de 1970, alguns maranhenses que vieram para a capital paulista trouxeram consigo a brincadeira e passaram a reproduzi-la em apresentações e oficinas. Desses esforços surgiram grupos como o Cupuaçu – liderado pelo músico Tião Carvalho, que já reuniu até 5 mil pessoas no evento anual de bumba-meu-boi do Morro do Querosene, na região oeste da cidade – e mais recentemente o Boizinho de Cofo, de José de Nazaré Amorim Corrêa.

Nascido em Viana, no Maranhão, ainda criança Corrêa mudou com a família para São Luís, fixando residência no bairro da Madre Deus. "Com cinco anos, tive a minha primeira apresentação dentro da escola primária", conta. Segundo ele, até meados da década de 1970, o bumba-meu-boi era um folguedo mais comunitário. "Era desfile de pescador, carroceiro, pedreiro. Os filhos dessas pessoas, criados ali, passaram a participar também. Depois, começaram a estudar, fazer colégio, faculdade, montando grupos culturais, como o Barrica." Em 1982, após lapidar sua prática cultural no Laborarte (Laboratório de Artes) maranhense e excursionar para participar de festivais de folclore pelo Brasil, Corrêa resolveu se fixar em São Paulo. Sempre envolvido com o grupo Cupuaçu – que faz o boi de matraca -, há seis anos Corrêa fundou o Boizinho de Cofo, do estilo de zabumba.

O boi do grupo veio do Maranhão, e o artesão e músico Carlos César Nascimento Mendes (o Peixinho) cuidou da finalização artística. Corrêa e Peixinho querem fixar a festa na Praça do Mangue, na Vila Madalena, perto de onde já promovem os ensaios semanais. "Lá em São Luís, qualquer menininho sabe cantar uma toada. É algo do povo, normal, como ir à praia. Aqui em São Paulo são mais estudantes, jovens, que vêm aprender uma cultura, e por isso temos de nos moldar ao que o pessoal pode fazer", explica Corrêa, sobre a diferença da brincadeira nos dois estados. Ele e Peixinho também fazem parte da Divina Batucada, conjunto de samba que pretende divulgar antigos compositores maranhenses.

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