Estado do Piauí é o quinto colocado no trabalho escravo em todo o país

 18/05/2010

O Piauí ainda ocupa lugar de destaque no ranking do trabalho escravo. Até 2002, o Estado era considerado o segundo maior exportador de mão de obra, ficando atrás apenas do Maranhão. De lá para cá, alguns avanços foram registrados e apesar de não haver dados oficiais, entidades que trabalham na prevenção e combate da exploração dos trabalhadores afirmam que o Piauí ocupa agora o quinto lugar desse ranking. Só no período entre 2007 e 2008, foram resgatados 1.364 piauienses que estavam trabalhando em condições de escravidão em outros Estados.

Os maiores importadores dessa mão de obra são os Estados do Maranhão, Tocantins, São Paulo e Pará. Em contra-partida, os municípios piauien-ses de Barras e José de Freitas são os que mais exportam. "Avaliamos que a situação do Piauí melhorou nos últimos anos, resultado do trabalho de prevenção e combate que vem sendo realizado. A implantação de políticas públicas também está ajudando a mudar as estatísticas", afirmou Graça Ferreira, da Pastoral do Mi-grante. Ela diz que o Estado de São Paulo importa muita mão de obra daqui, principalmente para o corte de cana.

"Lá eles cortam até 15 toneladas de cana por dia. Um trabalhador desse com 15 anos de atividade já será um homem inválido", completa. O resgate de trabalhadores piauienses também é comum no Maranhão e no Tocantins, onde o corte da Juquira é a atividade que prevalece. Em 2008, foram identificados pelo menos 24 municípios piauienses que exportavam esse tipo de mão de obra. Esse número pode ser bem maior, já que muitos casos nem chegam a ser notificados. "Além do Piauí, exportar mão de obra para outros Estados já foi identificado trabalho escravo em empresas locais", disse.

Um caso recente foi encontrado nas carvoarias do município de Jerumenha (PI). Os resgates também são comuns no Estado do Pará, onde a fiscalização é mais rigorosa. Graça Ferreira diz que há uma comissão que trabalha no combate ao trabalho escravo, em parceria com Fetag, Comissão Pastoral da Terra, sindicatos e órgãos governamentais. "Trabalhamos em parceria com os sindicatos, que fiscalizam e denunciam. Nos municípios, realizamos oficinas pedagógicas, palestras. É um trabalho de divulgação da realidade, já que a população achava que essa prática era normal. Hoje, estamos criando uma opinião pública sobre o assunto e tentando mudar um pouco essa cultura", disse.

Ela diz que o desenvolvimento de projetos vem dando mais oportunidades de emprego aos piauienses e evitando a migração forçada. "É possível trabalhar aqui sem precisar migrar para outros Estados nessas condições", diz.

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