O perfil sócio-étnico do trabalho escravo

 10/01/2012

Em sua maioria, vítimas são migrantes, homens, que partiram do Nordeste. E, em 80% dos casos, negros ou mestiços.

Por Jean Mello

Em 2004 o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criou um mecanismo – nomeado Lista Suja – para registrar empresas flagradas na ilegalidade do trabalho infantil e trabalho escravo. Em 2011 o Brasil bateu o infeliz recorde de pessoas físicas ou jurídicas constantes da lista: houve 52 novos autuados, totalizando 294 empresas ou empregadores individuais envolvidos nesta prática criminosa.

Embora sem destaque na mídia, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) – lançou, em outubro de 2011 o perfil das pessoas que estão sob regime escravo. Constatou que mais de 50% do contingente é composto por homens com até 30 anos. Em sua maioria, são migrante do Nordeste. Dentre todos, 80% são negros ou pardos. Será a continuidade daquilo que o país viveu desde o período colonial?

Cento e vinte anos após a "Lei Áurea", as manchas da segregação continuam presentes na sociedade brasileira. O fenômeno não é exclusivo dos grotões: repete-se mesmo nas grandes capitais, conforme anuncia Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares: "Esse sistema é um modelo abominável adotado por segmentos de latifundiários e capitalistas, para acumulação de riqueza em detrimento da qualidade de vida dos trabalhadores".

Em sinal de certo avanço, os integrantes da lista ficam impedidos de obter empréstimos nos bancos públicos. As indústrias flagradas não podem comercializar e exportar os produtos provenientes da exploração.

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou, até o dia 29 de dezembro de 2011, 2.271 pessoas encontradas em situação de degradação humana. Em decorrência desses casos foram pagos mais de R$ 5,4 milhões em indenizações trabalhistas, revertidos aos próprios trabalhadores motivados a buscar seus direitos.

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