Quem representa essas empresas e fundos?

 02/12/2013

Os conselheiros podem se sentar em diversos conselhos de administração. Não há legislação que os obrigue a escolher uma empresa apenas, mas há algumas restrições éticas e de estatuto da companhia. Nesse caso, conselheiros não podem participar de conselhos de administração de empresas que possuam conflitos societários ou que sejam rivais em um mesmo segmento e não possuam o mesmo controlador. Um conselheiro que atua no Itaú não pode participar do conselho do Santander ou do Bradesco ou do Banco do Brasil. Se participasse, poderia ter acesso a informações privilegiadas sobre a atuação e estratégia do concorrente.

Embora a participação em mais de um conselho seja permitida e seja comum, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) aponta que, ao assumir a função, conselheiro precisa ter em mente a importância do comprometimento e a participação atenta para preservar e elevar o valor da organização ao longo do tempo.

Na análise da Repórter Brasil, constata-se que vários nomes de conselheiros se repetem. Nesse contexto, há repetições óbvias, como o fato do presidente do Conselho da siderúrgica CSN, Benjamim Steinbruch, também participar da Vicunha Siderurgia, holding da família que detém o controle da CSN. Outro caso é o do empresário Abílio Diniz, que mantém ações do Grupo Pão de Açúcar, mas também é um dos principais acionistas da BRF, mantendo assentos nos dois conselhos de administração.

O diretor da Previ, Robson Rocha, também participa do conselho da mineradora Vale, da qual o fundo de pensão divide o bloco de controle. A Previ nomeia representantes para os conselhos de diversas empresas, além da Vale, como BRF, CPFL Energia e Neoenergia, entre outras.

Há muitas posições “cruzadas”. O presidente da Andrade Gutierrez, Otavio Marques de Azevedo, participa dos conselhos da Cemig, Telemar e da Oi, empresas que a construtora detém relevante presença. Luiz Carlos Trabucco, presidente do Bradesco, além de participar do conselho do banco, tem assento nos conselhos da Bradespar (que tem ações da Vale) e da Odontoprev, em que o banco também participação pela Bradesco Saúde. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, além de conselheiro do banco estatal, participa dos conselhos da Vale e da Petrobras, duas estatais que o BNDES detém participação. O presidente da estatal mineira Cemig participa, além do conselho da empresa que dirige, dos conselhos da Light (distribuidora de energia elétrica fluminense) e da Taesa (transmissora de energia elétrica), duas empresas controladas pela Cemig, por sua vez sob comando do governo mineiro.

Muitos economistas com renome no mercado e participação em governos anteriores têm assentos em conselhos. É uma forma das empresas nomearem pessoas com conhecimento e boa influência no setor privado e público. José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário do Ministério da Fazenda no governo FHC, participa dos conselhos do Santander e da BMF&Bovespa. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda durante o governo José Sarney, participa dos conselhos da Cosan, Grendene e da operadora de telefonia TIM. O ex-ministro da Fazenda do governo FHC, Pedro Malan, tem assento na Souza Cruz, Mills e EDP.

Executivos com boa reputação também podem se sentar em mais de um conselho. Dois exemplos: o empresário Jorge Gerdau, cuja família controla a siderúrgica Gerdau, participa do conselho da empresa familiar e da Petrobras, nomeado como conselheiro independente pelo governo federal; Nildemar Seches, que dirigiu costurou a fusão entre Sadia e Perdigão, que originou a BRF, detém assento nos conselhos da Suzano, Itaú Unibanco, Weg e Ultrapar.

O anuário de governança corporativa da revista Capital Aberto, com a análise de 337 companhias listadas na BM&FBovespa, apontou o nome de alguns dos conselheiros mais requisitados são: Guilherme Affonso Ferreira, com assento em oito conselhos; Eliezer Batista da Silva, com sete; Oscar de Paula Bernardes Neto, Maílson Nóbrega e Samir Zraic, com seis; e Nildemar Secches, com cinco.

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