Fazendeiro “Branquinho” é recapturado no Ceará

De acordo com a Polícia Federal, o fazendeiro Aldimir Lima Nunes, o "Branquinho", foi preso neste dia 21 de janeiro em Fortaleza (CE). Na hora de ser capturado, andava armado. Anos atrás, Branquinho havia deixado o Ceará para o Tocantins e o Pará, deixando ali ume ficha-crime já consistente. Segundo o Superintendente da PF do Tocantins, o preso será transferido para Brasília onde deve ser mantido em estabelecimento de alta segurança.
Por Comissão Pastoral da Terra
 23/01/2004

Segundo informações prestadas pela Polícia Federal, o fazendeiro Aldimir Lima Nunes, o "Branquinho", foi preso neste dia 21 de janeiro em Fortaleza (CE). Na hora de ser capturado, andava armado. Anos atrás, Branquinho havia deixado o Ceará para o Tocantins e o Pará, deixando ali ume ficha-crime já consistente. Segundo o Superintendente da PF do Tocantins, o preso será transferido para Brasília onde deve ser mantido em estabelecimento de alta segurança.

No dia 24 de setembro do ano passado, depois de quase um ano foragido da Justiça Federal (prisão provisória decretada em outubro de 2002 pela Justiça Federal do Tocantins, em relação à denúncia de vários crimes entre os quais aliciamento, homicídio, trabalho escravo, grilagem), havia se entregado em Marabá-PA, quando o cerco policial estava para se fechar ao seu redor. Com a acusação então apresentada pelo Ministério Público, de que o fazendeiro seria o autor de repetidas ameaças de morte proferidas contra o trabalhador Jair Matos (de Ananás-TO), contra agentes da CPT do Tocantins (Edmundo Rodrigues, Silvano Rezende, Xavier Plassat) e contra o então Procurador da República em Palmas-TO (Mário Lúcio de Avelar), o Juiz Federal de Marabá decretou sua prisão temporária, neste mesmo dia 24 de setembro.

Não passaram dois meses e Branquinho, fugiu no dia 05 de novembro do estabelecimento prisional de Marabá, onde estava sob a custódia da Polícia Civil do Pará, saindo pela porta da frente sem a menor dificuldade. De lá para cá, a imprensa relatou novos envolvimentos criminosos de Branquinho em confronto de pistoleiros operando na região do Iriri (Terra do Meio, sul-Pará) opondo grupos concorrentes na grilagem de terra. O última confronto relatado, dia 24 de novembro, resultou na morte de 3 dos envolvidos.

Ao lado das causas estruturais (carência de políticas de desenvolvimento adequadas nas regiões de aliciamento, perversidade do modelo de exploração da Amazônia), a impunidade tem sido apontada como um fator determinante na permanência do trabalho escravo no país.

Como parte do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, adotado em março de 2003 pelo Governo Federal, entidades e grupos solidários do Brasil e do exterior, há meses, cobram das autoridades brasileiras um empenho reforçado na investigação das múltiplas situações criminosas existentes na região do Iriri, bem como na apuração dos vários crimes de trabalho escravo e no efetivo julgamento dos envolvidos. Em 2003, a CPT teve conhecimento de 229 denúncias de trabalho escravo no Brasil, envolvendo 7.800 trabalhadores (metade das vítimas no Pará) dos quais 4.970 foram libertados em 149 fazendas, em 7 estados (PA, MA, MT, TO, RO, BA, RJ), graças à intensificação da fiscalização do Ministério do Trabalho.

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