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Marcos Antônio


Sou livre que nem
animal de cativeiro,
que tem medo


“Demorou para me convencerem a ir falar na Corte (Interamericana de Direitos Humanos) o que passei na (fazenda) Brasil Verde.”

“Como a Justiça brasileira não tinha feito nada, por que a Corte ia fazer? Daí me explicaram direitinho e eu aceitei. A audiência foi em Brasília. No dia, os representantes do Estado brasileiro falavam que não houve trabalho escravo na Brasil Verde. Eu falei para o rapaz: 'Vocês estão dizendo que não houve porque vocês são filhos de papaizinho, queria ver se fosse o filho de vocês lá’. Os fiscais tiravam a gente (do barracão) de madrugada e devolviam à noite. Iam montados numa mula, levando a gente feito gado. A gente comia o que nem porco no Piauí come. Nunca mais saí para trabalhar fora do estado. Tenho medo de ser escravo de novo. Eu me considero livre mas, como disse, não viajo para fora do Piauí. Sou livre que nem animal de cativeiro, que tem medo de pisar no mato?”

Marcos Antônio Lima,
38 anos, trabalhador rural e pedreiro