Teatro do Oprimido encena a vida real no Fórum

Com 50 integrantes, distribuídos em oito grupos, o movimento traz peças e oficinas teatrais
Por Paula Takada
 24/01/2003

Domésticas da vida real encenando domésticas que sofrem assédio sexual de seus patrões e lutam por seus direitos trabalhistas. Este é o enredo de uma das oito peças do Teatro do Oprimido, incluídas na programação cultural do 3º Fórum Social Mundial, ao lado de oficinas, exibições de filmes e exposições.

Presente no Fórum desde sua primeira edição, Augusto Boal, criador e coordenador do Teatro do Oprimido, considera o evento um espaço adequado para as apresentações de seus grupos, pois reúne “oprimidos e solidários a oprimidos” do mundo inteiro. “Aqui, a identificação do público com as peças é imediata.”

Quatro grupos do Rio de Janeiro, três de Santo André (SP) e um de Juiz de Fora (MG), reunindo cerca de 50 pessoas, integram o Teatro do Absurdo no 3º FSM. “Estamos com uma participação mais modesta este ano, devido às restrições feitas pelo governo estadual no orçamento do Fórum. No ano passado, tivemos alojamentos gratuitos para todos os grupos e isso foi cortado”, avalia Boal, que em 2002 trouxe 14 grupos a Porto Alegre.

A descentralização das atividades, que no ano passado foram concentradas na PUC, também foi criticada por Boal. As apresentações e oficinas acontecem no Espaço Cultural do CUT, ao lado do Gigantinho, diariamente até o dia 27, das 10h às 13h. “Aqui, estamos mais isolados. Na PUC era mais fácil chegar nos locais, fazer os espetáculos e reunir um grande público.”

Três décadas de Teatro do Oprimido

O teatrólogo Augusto Boal criou o Teatro do Oprimido, no início da década de 70, como uma forma de resistência contra à censura e à repressão impostas pela ditadura militar. Segundo Boal, após mais de 30 anos de história, o movimento não perdeu nada de sua concepção inicial. “Nós acrescentamos formas novas, de acordo com as necessidades.”

Hoje, o Teatro do Oprimido possui grupos espalhados por todo Brasil, com trabalhos vinculados a ações pela cidadania. As peças têm como objetivo mobilizar o público, mas por serem encenadas por grupos de oprimidos geram resultados transformadores antes mesmo da estréia.

“Não trabalhamos com atores, trabalhamos com cidadãos e através do teatro, mostramos para o público e para o elenco que para ser cidadão é preciso intervir na sociedade.”

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