Nilmário Miranda diz que assassinato de missionária está “elucidado”

O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, afirmou que já existem indícios suficientes para se chegar aos assassinos da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang (foto), executada com seis tiros no interior do Pará. Polícia procura três pessoas que já tiveram a prisão preventiva decretada
Por Agência Carta Maior
 14/02/2005

O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, afirmou que já existem indícios suficientes para se chegar aos assassinos da missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, executada com seis tiros no interior do Pará. “Do ponto de vista policial, o crime já está elucidado. Três pessoas já foram indiciadas, já com mandado de prisão preventiva. Há outras pessoas envolvidas, mas ainda não há indícios suficientes para decretar a prisão delas”, disse.

O crime ocorreu no sábado (12), no município de Anapu, localizado a cerca de 500 quilômetros de Belém (PA). A Justiça paraense decretou a prisão temporária de três suspeitos de participação no assassinato da missionária. Segundo Nilmário Miranda, os dois pistoleiros seriam Uquelano Pinto e José Maria Pereira. O terceiro suspeito de envolvimento no crime, de acordo com o ministro, é Amauri Segove Cunha, mais conhecido como “Tato”.

“Já há um trabalho de captura dos dois pistoleiros e do terceiro envolvido, que contratou os pistoleiros. O Tato é uma pessoa que é ’laranja’ de outras. Ele ocupa, faz grilagem de várias glebas da região. Agora a polícia vai investigar se, além dele, há algum autor intelectual”, informou Nilmário.

O ministro elogiou a forma como as investigações vêm sendo conduzidas pelas polícias Federal e Civil do Pará. “Pelo andamento, está sendo até rápido. Esse crime tem muitas informações, muitos antecedentes, muitas testemunhas, e agora, tem o laudo do IML. Há elementos suficientes para impedir a impunidade”, destacou.

O ministro acompanhou, na manhã desta segunda-feira (14), o velório do corpo da missionária no município de Altamira, para onde foi levado após a realização da necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Belém. Segundo o ministro, o enterro será realizado nesta terça-feira (15), às 14 horas

“Crime do latifúndio”
Para o bispo da Prelazia do Xingu em Altamira, Dom Erwin Krautler, o assassinado da missionária norte-americana e naturalizada brasileira Dorothy Stang não foi um simples crime, pois evidencia uma disputa entre os latifundiários, que possuem o poder econômico na região, e os marginalizados. “Aqui, quando nós nos colocamos do lado do pobre, do excluído e do marginalizado, enfim, daqueles que não têm voz e vez, nós corremos riscos. Pois, nós mexemos com os interesses de grandes latifundiários, grandes fazendeiros, então eles, em ultima análise, querem nos eliminar”, afirma.

Em entrevista à Rádio Nacional AM, Dom Erwin Krautler disse que foi contatado até pelo Vaticano para relatar detalhes das disputas na região. “Ela morreu porque tinha um sonho diferente para a Amazônia, defendia sempre os planos de desenvolvimento sustentável e lutava pelo assentamento dos colonos simples que precisavam plantar e viver. Assim, ela ia contra o espírito e a idéia que o latifúndio tem, pois o latifúndio quer aumentar, quer crescer e se ampliar e não aceita qualquer voz contraria”, ressaltou o bispo. D. Erwin diz ainda que a eliminação da pessoa que está incomodando esse era o último recurso para os latifundiários.

Neste domingo (13), o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, prometeram que o governo vai acelerar a implantação de um programa de desenvolvimento para ajudar na solução dos conflitos na região. O bispo defende o programa e diz que os militantes irão seguir com seus objetivos sem importar com as ameaças e intimidações.

Com informações da Agência Brasil

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