US$ 168 milhões, 130 propostas

 17/07/2006

A história recente dos projetos de requalificação do centro de São Paulo ganhou fôlego no apagar das luzes do mandato de Celso Pitta, quando o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) concedeu um empréstimo de US$ 100 milhões para um programa de recuperação dessa área. Na gestão de Marta Suplicy, mais US$ 68 milhões foram somados ao montante liberado pelo BID como contrapartida do governo municipal, que criou o Ação Centro – um conjunto de 130 propostas para modificar o perfil econômico e social da região.

O programa tem prioridades como reverter a desvalorização imobiliária, recuperar a função residencial, além de elencar iniciativas de inclusão social e ações para melhorar segurança e iluminação. Quando foi concebido, apresentava metas ambiciosas, como repensar o sistema de circulação da cidade, de forma que 700 mil pessoas não precisassem passar pelo centro apenas para fazer conexão de meios de transporte.

No entanto, desde o início do mandato de José Serra, o Ação Centro passa por uma revisão. "As 130 ações eram pouco integradas. Não paralisamos os projetos, até porque eles não chegaram a ser projetos de fato, estavam em fase embrionária", explica Antonio José Zagatto, assessor da subprefeitura da Sé. Algumas obras de envergadura, porém, foram realmente suspensas. A construção de um piscinão no vale do Anhangabaú, por exemplo, foi abortada por recomendação da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana e Obras (Siurb). "O custo era enorme e o benefício, reduzido", justifica Zagatto.

Um fato preocupante, na opinião de Francisco Comaru, do Instituto Pólis, é a falta de interlocução da prefeitura com a sociedade civil a respeito da requalificação do centro. Prova disso foi a desativação de um fórum criado na gestão passada em que diversas entidades debatiam propostas para a região. "Hoje, não existe discussão alguma sobre o Projeto Nova Luz, por exemplo. Éramos críticos à estrutura do conselho existente, mas pelo menos havia um canal de diálogo", explica. O representante da subprefeitura da Sé diz que, para que o fórum seja reativado, é preciso um decreto do prefeito que nomeie as entidades que farão parte dele. "É uma idéia interessante, mas não fundamental, porque o órgão acaba adquirindo uma conotação política", afirma Zagatto.

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