Batalhas regenciais

 17/08/2006

As duas primeiras insurreições do período regencial tiveram início no ano de 1835. Uma aconteceu na região norte, a outra no sul do país. Na província do Pará, os "cabanos" – pessoas pobres que se espremiam em casebres nas margens dos rios — reclamavam melhores condições de vida, enquanto os setores da elite contestavam o fato de não poder eleger o governante da província, que era nomeado pela cúpula do país. Negros, mestiços, brancos e índios dominaram Belém por mais de um ano, formando a República dos Cabanos. Sob pretexto de manter a unidade territorial, a repressão veio no encalço dos sediciosos, resultando da "Cabanagem" um saldo de 30 mil mortos, ou seja, mais de 20% da população paraense.

No Rio Grande do Sul, a revolta foi contraditoriamente batizada de "Farroupilha" (palavra que designa pessoa maltrapilha, esfarrapada), já que as reivindicações partiam dos proprietários de terra e gado. O governo brasileiro favorecia as importações de charque do Prata, prejudicando os produtores gaúchos, que o vendiam no mercado interno. Essa insatisfação se manifestou na busca por autonomia política e ideais republicanos. Com a tomada de Porto Alegre, em 1835, e de Santa Catarina três anos depois, nasciam respectivamente as Repúblicas Rio-Grandense e Catarinense. Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias, foi enviado para lá. Contudo, diferentemente do que ocorreu na Balaiada, em Porto Alegre ele não cortou nenhuma cabeça – afinal, aquele era um movimento de elites. Assinou acordo com as lideranças, em março de 1845, prometendo taxar o charque platino em 25%, além de decretar anistia geral.

Na terceira insubordinação provincial, as camadas mais pobres da Bahia, junto com os soldados de baixos soldos e a classe média urbana, solidarizaram-se com a causa do médico e jornalista Francisco Sabino (daí o nome "Sabinada"), que desejava proclamar a República Bahiense, enquanto durasse a menoridade de Pedro II. A cidade de Salvador foi proclamada república independente em novembro de 1837, mas por apenas alguns meses. As tropas legalistas tomaram-na dos rebeldes, num combate que resultou em cerca de 4 mil mortes.

Voltar para a matéria Insurreição Balaia

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM