Exportar era preciso

 03/01/2007

A extração do ferro das jazidas encontradas no sudeste do Pará foi o carro-chefe de um conjunto mais ambicioso de ações pensadas pelo governo brasileiro, entre o final da década de 1970 e a primeira metade dos anos 1980, conhecido como Projeto Grande Carajás. Na época, houve até quem dissesse que o país conseguiria saldar sua dívida externa com os dividendos das exportações provenientes das atividades produtivas realizadas na Amazônia.

Perfazendo uma área de 10% de todo o território nacional, o programa também apostava muitas fichas na exploração de outro minério cobiçado nos mercados internacionais: a bauxita, matéria-prima para a fabricação de alumínio, retirada principalmente do vale do rio Trombetas. O apelidado "Carajazão" previa ainda o aproveitamento de recursos naturais da floresta – como o babaçu, típica palmeira do Maranhão que pode ser utilizada à semelhança do carvão vegetal nos altos-fornos siderúrgicos – e o estímulo à agropecuária, através de incentivos fiscais para empresas dispostas a se instalar na região.

Para sustentar as atividades, foram injetados dezenas de bilhões de dólares na infra-estrutura necessária à exploração das riquezas amazônicas. Em primeiro lugar, era preciso muita energia, problema resolvido com a construção da segunda maior hidrelétrica do país: a usina de Tucuruí, um dos itens mais caros e importantes do projeto. Rodovias foram abertas ou reformadas para facilitar o tráfego na região. Em São Luís, remodelou-se o porto de Itaqui, e o de Ponta da Madeira foi construído pelo principal agente encarregado desse processo de "ocupação" da maior floresta do mundo: a Companhia Vale do Rio Doce, dona também da Estrada de Ferro Carajás.

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