Senador, ex-senador e deputado estadual eleito fazem parte da relação dos autuados por manter trabalhadores em condição análoga de escravo
Tarciso Nascimento
O senador João Ribeiro (PL-TO) não recebeu doação de nenhuma empresa autuada pelo Ministério do Trabalho, tampouco se candidatou nas últimas eleições. Mas foi incluído na "lista suja" do trabalho escravo.
Em janeiro do ano passado, o senador foi condenado pelos desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho do Pará a pagar indenização de R$ 76 mil por danos morais coletivos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Segundo a denúncia do Ministério Público do Trabalho, em sua fazenda Ouro Verde, no município de Piçarra, no Sul do Pará, havia 35 pessoas em condições análogas à de escravo.
No acórdão, publicado no início do ano passado, os desembargadores não caracterizaram a existência de trabalho escravo na fazenda do senador e listaram uma série de condições que configurariam trabalho degradante.
Doação para filha
Nas últimas eleições, o senador ajudou, com a doação de R$ 18,75 mil, a filha Luana Ribeiro (PL-TO) a se eleger deputada estadual. O processo agora tramita no Tribunal Superior do Trabalho (TST) e, segundo a assessoria de imprensa do parlamentar, deve ser apreciado em março deste ano. De acordo com o seu gabinete, João Ribeiro está de férias e não quis comentar o assunto por se tratar de uma decisão judicial.
João Ribeiro não é o único político incluído na "lista suja". Ele tem a companhia do ex-senador Carlos Patrocínio (PMDB), também do Tocantins, que chegou a ser candidato a deputado federal, mas decidiu retirar sua candidatura na última hora.
A Fazenda Serra Nova, de sua propriedade, foi autuada pelo grupo especial de fiscalização móvel do Ministério do Trabalho por manter cinco trabalhadores em condições análogas à de escravo. Patrocínio foi condenado a pagar R$ 27,3 mil em indenizações. A propriedade rural fica em Xambioá (TO).
Da lista também faz parte o deputado estadual eleito Francisco Dantas (PMDB-MA). Mais conhecido como Fufuca, ele é o proprietário da fazenda Piçarreira, onde foram encontrados 12 trabalhadores em regime semelhante à escravidão. Doou para sua própria candidatura R$ 79,8 mil.
Inocêncio livre
Já o deputado federal Inocêncio de Oliveira (PL-PE) não integra mais a "lista suja". Ele saiu da relação em novembro do ano passado. O deputado também foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que rejeitou denúncia encaminhada contra ele pelo procurador-geral da República.
A denúncia, baseada em inspeção de auditores fiscais do Ministério do Trabalho e relatos dos próprios trabalhadores, responsabilizava o parlamentar e seu preposto por manter 53 pessoas em péssimas condições de vida na fazenda entre os meses de dezembro de 2001 e março de 2002. Em quatro meses, os trabalhadores teriam que capinar uma área do tamanho de 1.530 gramados do Maracanã.