Greve

Empresa mantém demissões; metroviários devem parar em 23/05

Direção do Metrô rejeita proposta da vice-presidente do TRT-SP de recontratar sindicalistas afastados. Metroviários suspenderam greve prevista para hoje, mas devem fazer nova paralisação no dia 23/05 contra a Emenda 3
Por Carlos Juliano Barros
 16/05/2007

Mesmo com a realização de duas reuniões em menos de 24 horas, na sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), representantes da Companhia do Metropolitano e do Sindicato dos Metroviários da capital paulista mantiveram o impasse, e não chegaram a um acordo sobre o afastamento de cinco membros da diretoria do sindicato, depois dos protestos de 23 de abril – que mobilizaram entidades de classe de todo o país contra a Emenda 3. O primeiro encontro ocorreu ontem (15/05), no final da tarde. O segundo terminou pouco depois das 16h desta quarta-feira.

Por conta da nova audiência, a greve prevista inicialmente para hoje foi adiada pelos metroviários. "Sempre apostamos na negociação. Por isso, suspendemos o movimento", explica Manuel Xavier Lemos Filho, diretor do sindicato. Porém, a segunda rodada de negociação feita no TRT para discutir o assunto não alterou o que havia sido proposto no primeiro encontro.

Na audiência realizada ontem, a vice-presidente do TRT, Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva, propôs a readmissão de todos os funcionários afastados, assim como a continuidade das investigações. Se, no curso da apuração fossem constatadas faltas graves, como sabotagem e uso de violência por parte dos metroviários para levar a cabo a manifestação de 23 de abril, as demissões poderiam ser mantidas.

Porém, o Metrô insistiu na proposta apresentada no último dia 08, segundo a qual dois dos cinco diretores seriam reincorporados ao quadro de funcionários da companhia, depois de submetidos a uma suspensão de 15 e 25 dias. Outros dois seriam afastados para apuração dos fatos ocorridos durante a manifestação, e o último seria demitido por justa causa. O sindicato, por sua vez, exige a reintegração dos cinco diretores afastados, e ameaça cruzar os braços para pressionar a empresa.

No dia 23 de abril, os metroviários iniciaram a operação dos trens com cerca de duas horas de atraso, assim como os motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista. Em nota distribuída à imprensa, naquela ocasião, a direção do Metrô argumentou que os funcionários ligados ao sindicato teriam impedido a abertura das estações e o funcionamento normal dos trens, sabotando o serviço de transporte. Além disso, o comunicado afirmou "que o desligamento dos sindicalistas decorre exclusivamente dos atos ilícitos praticados", e defende o "respeito às manifestações democráticas".

A diretoria do Sindicato dos Metroviários anunciou que continuará disposta a negociar. Na próxima quarta-feira (23/05), no entanto, a categoria deverá paralisar suas atividades, seguindo convocação das centrais sindicais que organizam mais uma edição de protestos contra a Emenda 3, intitulada "Nenhum direito a menos, só direitos a mais".

Caso seja promulgada pelo Congresso, a emenda vai impedir auditores fiscais do Trabalho e da Receita Federal de apontarem vínculos empregatícios entre patrões e empregados contratados como pessoas jurídicas, através das chamadas "empresas de uma pessoa só". Segundo a emenda, somente a Justiça estaria autorizada a reconhecer o vínculo. Na prática, o novo dispositivo legalizaria esse tipo de contratação, comprometendo o pagamento de direitos trabalhistas.

 

 

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