Mulher é presa por aliciamento

 20/06/2007

Flagrante foi feito por policiais rodoviários e fiscais da DRT, em Boa Viagem. Agricultores seguiam para São Paulo

Uma operação conjunta de policiais rodoviários federais e fiscais da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), no Município de Boa Viagem (a 221 quilômetros de Fortaleza), resultou na prisão de Francisca Lúcia Martins Lobo, 39 anos. Ela é acusada de atuar como aliciadora de trabalhadores rurais cearenses para trabalharem, em regime de semiescravidão em plantações de cana-de-açúcar em fazendas no Interior de São Paulo.

A Delegacia Regional do Trabalho já tinha recebido denúncias do caso e montou a operação juntamente com a Polícia Rodoviária Federal , conseguindo interceptar, na BR–020, próximo ao posto de fiscalização da PRF. Dentro do veículos estavam seis agricultores, todos residentes na zona rural de Boa Viagem e que haviam sido aliciados pela acusada.

O coletivo já seguia em direção ao Município de Canindé, onde, provavelmente, mais trabalhadores rurais iriam embarcar, mas foi impedido de seguir viagem. A acusada estava também no ônibus e recebeu voz de prisão dos policiais e dos fiscais trabalhistas.

A investigação feita a partir das denúncias recebidas pela DRT revelavam que na manhã de ontem, os trabalhadores iriam embarcar rumo ao Estado de São Paulo para ali trabalhar na colheita da cana-de-açúcar. Mas a exploração do trabalho deles já começava a partir do embarque. Eles teriam que pagar o traslado (passagens) com o primeiro dinheiro que recebessem pelo trabalho nas fazendas.

Para garantir o pagamento, a aliciadora já tinha recolhido as carteiras de trabalho dos agricultores. Lúcia Martins foi encaminhada à Delegacia Regional de Polícia Civil de Boa Viagem e ali autuada em flagrante delito. Os trabalhadores também prestaram depoimentos e foram levados de volta para suas residências.

A partir de hoje, a Polícia Civil vai aprofundar as investigações sobre o caso, tentando identificar outros aliciadores.

A exploração do trabalho de agricultores cearenses em lavouras de cana-de-açúcar, em São Paulo, foi motivo de uma reportagem especial (seriada) publicada pelo Diário do Nordeste, em julho de 2005.

Fome e sede

Os repórteres do Diário acompanharam o êxodo dos cearenses. Naquele ano, pelo menos 446 trabalhadores rurais deste Estado seguiram para São Paulo em busca de trabalho, sendo ali explorados, passando fome e sede e recebendo salários aviltantes, sendo submetidos a um regime de semiescravidão.

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