Trabalho II

Terceirizados buscam "proteção" em um dos sindicatos que mais cresce

Na avaliação do presidente do sindicato que representa a categoria, trabalhadores buscam "proteção" já que a rotatividade no mercado de trabalho é alta. Regulamentação das funções dos terceirizados ainda não saiu do papel
Por Carlos Juliano Barros
 09/08/2007

Em 1995, apenas 0,8% dos trabalhadores terceirizados paulistas eram filiados ao sindicato que representa a categoria. Dez anos depois, esse índice pulou para 27%. No mesmo período, a taxa de sindicalização de todos os brasileiros que possuem alguma ocupação teve avanço bem mais tímido: variou de 16,2% para 18,4%. Os números constam de estudo feito pelo economista e professor da Universidade Estadual de Campinas, Marcio Pochmann, solicitado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros (Sindeepres) do Estado de São Paulo, divulgado na manhã desta quinta-feira (09).

De acordo com a pesquisa, os empregados terceirizados – que respondem pelas mais variadas funções, desde a leitura de medidores a serviços de telemarketing – possuem uma das maiores taxas de sindicalização no país. Na opinião do presidente do Sindeepres, Genival Leite, isso se deve aos altos índices de rotatividade dessa categoria. "Os trabalhadores querem se sindicalizar para se proteger das empresas. Nós proporcionamos cursos de reciclagem para que eles consigam uma posição melhor no mercado", explica.

Pochmann também aponta outra conseqüência preocupante gerada pela alta rotatividade: a dificuldade de se contribuir para a Previdência. "Os trabalhadores não se aposentam com 30 (no caso de mulheres) ou 35 anos (no caso dos homens) de trabalho porque não conseguem contribuir 12 meses por ano", diz.

Regulamentação
Atualmente, existem quase 500 mil trabalhadores terceirizados no estado de São Paulo. E, de acordo com projeções contidas no estudo, esse número pode chegar a meio milhão já em 2010. "A terceirização veio para ficar e ganha velocidade em todos os setores", afirma Pochmann. O fenômeno da "superterceirização" foi retratado em outra pesquisa assinada pelo professor da Unicamp divulgada em abril, a qual também atestou que o trabalhador terceirizado ganha em média metade do não terceirizado.

Em tese, uma empresa só pode contratar outra para desempenhar funções que não são consideradas atividades-fim. Assim, uma fábrica de carros tem a opção de pagar uma firma especializada em segurança para fazer a vigilância de seu patrimônio. "Mas hoje já não dá mais para separar atividade fim e atividade meio. O serviço de compensação de cheques, por exemplo, que é atividade-fim dos bancos, já é terceirizado", ressalva o professor.

Disciplinar essa e outras questões relacionadas à prestação de serviços terceirizados é uma das principais bandeiras do Sindeepres. "A regulamentação já existe nos EUA, na Europa e no Japão", diz Genival.

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