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Guerra ao trabalho escravo

Um dos grandes anacronismos da história legal do País foi escrito depois que senadores decidiram não se sabe lá movidos por quais impulsos – protestar contra a fiscalização -do trabalho escravo. Alegaram que havia abuso dos fiscais e deixaram de lado o problema maior. A Secretaria de Inspeção do Trabalho, diante da reação parlamentar, resolveu suspender as atividades e deu-se o pior: empresários e fazendeiros, agindo à margem da lei, entenderam a medida como senha para continuarem a atuar como sempre fizeram: submetendo empregados a condições desumanas. O trabalho escravo, queiram as autoridades ou não, é uma realidade no Brasil. Em várias regiões e de diversas formas. Em pleno século XXI ainda é possível encontrar por essas paragens atividades produtivas que não oferecem o mínimo de condições de trabalho, de remuneração e mesmo de higiene para os empregados. A exploração da mão-de-obra em diversos graus e instâncias virou tão corriqueira que a expressão "capitalismo selvagem" ganha contornos dramáticos por aqui. Corrupção e descaso se misturam para maquiar o problema. Em um dos casos mais recentes, envolvendo a empresa Pagrisa, que produz álcool no Pará, uma Delegacia Regional do Trabalho (DRT) fez três blitze nas dependências da usina e disse não ter encontrado qualquer situação anormal. Logo depois, o Ministério do Trabalho mandou uma equipe especial e, ao constatar inúmeras irregularidades, decidiu libertar 1.064 trabalhadores. O Ministério apontou que eles estavam em condições típicas de escravidão. A vista grossa do DRT ao problema serviu de combustível para que senadores da região levassem adiante a defesa da empresa. O caso é um emblema de práticas condenáveis no tratamento do tema, mas serve também como alerta. Não é possível combater o trabalho escravo sem que haja conscientização de que ele é um mal a ser banido. Por todo o País levantaram-se vozes nesta direção e o Ministério do Trabalho, após a reação de brasileiros indignados, resolveu retomar a fiscalização das fazendas. A força dos cidadãos prevaleceu. CARLOS JOSÉ MARQUES, DIRETOR EDITORIAL

Um dos grandes anacronismos da história legal do País foi escrito depois que senadores decidiram não se sabe lá movidos por quais impulsos – protestar contra a fiscalização -do trabalho escravo. Alegaram que havia abuso dos fiscais e deixaram de lado o problema maior. A Secretaria de Inspeção do Trabalho, diante da reação parlamentar, resolveu suspender as atividades e deu-se o pior: empresários e fazendeiros, agindo à margem da lei, entenderam a medida como senha para continuarem a atuar como sempre fizeram: submetendo empregados a condições desumanas.

O trabalho escravo, queiram as autoridades ou não, é uma realidade no Brasil. Em várias regiões e de diversas formas. Em pleno século XXI ainda é possível encontrar por essas paragens atividades produtivas que não oferecem o mínimo de condições de trabalho, de remuneração e mesmo de higiene para os empregados. A exploração da mão-de-obra em diversos graus e instâncias virou tão corriqueira que a expressão "capitalismo selvagem" ganha contornos dramáticos por aqui.

Corrupção e descaso se misturam para maquiar o problema. Em um dos casos mais recentes, envolvendo a empresa Pagrisa, que produz álcool no Pará, uma Delegacia Regional do Trabalho (DRT) fez três blitze nas dependências da usina e disse não ter encontrado qualquer situação anormal. Logo depois, o Ministério do Trabalho mandou uma equipe especial e, ao constatar inúmeras irregularidades, decidiu libertar 1.064 trabalhadores. O Ministério apontou que eles estavam em condições típicas de escravidão. A vista grossa do DRT ao problema serviu de combustível para que senadores da região levassem adiante a defesa da empresa. O caso é um emblema de práticas condenáveis no tratamento do tema, mas serve também como alerta. Não é possível combater o trabalho escravo sem que haja conscientização de que ele é um mal a ser banido. Por todo o País levantaram-se vozes nesta direção e o Ministério do Trabalho, após a reação de brasileiros indignados, resolveu retomar a fiscalização das fazendas. A força dos cidadãos prevaleceu.

CARLOS JOSÉ MARQUES, DIRETOR EDITORIAL


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