FSM 2008

Aumenta expectativa para evento unificado de Belém em 2009

Envolvimento de público não-usual do FSM, cenário econômico internacional e repercussão da temática ambiental em pleno coração da Amazônia podem incentivar debates mais intensos no encontro de 2009, projetam ativistas
Por Beatriz Camargo e Maurício Hashizume
 29/01/2008

A controvérsia a respeito dos ganhos e das perdas decorrentes do formato descentralizado do Fórum Social Mundial (FSM) em 2008 – por meio das atividades do Dia de Mobilização e Ação Global ocorridas no último sábado (26) em 72 países – suscitou ao menos um consenso: tende a aumentar a expectativa de organizadores e participantes para o evento único marcado para Belém (PA) em 2009.

O FSM em 2009 poderá ser estratégico por diversos motivos, opina Sérgio Haddad, coordenador geral da organização não-governamental (ONG) Ação Educativa e ex-presidente da Associação Brasileira de ONGs (Abong). Em termos conjunturais, aos apelos dos relatórios de impacto do aquecimento global podem se somar possíveis desdobramentos da crise econômica nos EUA, epicentro da economia mundial globalizada. Além disso, a forte influência de forças políticas progressistas na América Latina e, principalmente, o fator simbólico de um encontro mundial em território amazônico, ambiente mais do que privilegiado para a discussão de temas ligados ao meio ambiente, à sustentabilidade e às alternativas concretas para um modo alternativo de relação da sociedade com a natureza que provê a sua sobrevivência.

"Tudo isso pode ser propício para um debate muito intenso", projeta Sérgio, que participou ativamente do Conselho Internacional (CI) do FSM, como representante da Abong, desde o primeiro evento em 2000. Ele reconhece as dificuldades para o deslocamento das pessoas até a capital do Pará em 2009, mas espera que os povos, as riquezas naturais e as culturas da Amazônia contagiem os participantes e organizadores do Fórum.

Independentemente da realização de um evento unificado do Fórum, há propostas para que o conjunto de eventos do Dia de Mobilização e Ação Global seja mantido nos próximos anos, relata Francisco Whitaker, do CI e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 2010 ou 2011, analisa o ativista, existe a perspectiva de que o FSM retorne à África. Também há planos de levar um encontro mundial único à Coréia do Sul.

Para o representante da CBJP, o Dia de Mobilização e Ação Global "tem o espírito do FSM" e representa "um salto qualitativo". "A gente descobre que isso pode acontecer do ponto de vista local e não só mundial", coloca, citando ainda o potencial maior de repercussão nas mídias de cada localidade dos eventos espalhados pelo mundo. A lógica das manifestações descentralizadas, na perspectiva apresentada por ele, pode alimentar o próximo Fórum.

O próprio cortejo realizado em Belém como atividade descentralizada que fez parte do parte do Dia de Mobilização conteve essa virtude de atrair públicos que não são usuais do FSM, avalia Francisco. O cortejo parou em diversos pontos, entre eles a área de comercial popular do Mercado Ver-O-Peso, e envolveu pessoas da cidade.

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