Eles estam desapontados com os governos da Índia e dos Estados Unidos. Mais de 100 trabalhadores indianos alegam ter sofrido tratamento análogo à escravidão num estaleiro de Mississippi. Organizados por meio da Aliança dos Trabalhadores Convidados pela Dignidade (Alliance of Guest Workers for Dignity), o grupo está especialmente descontente com a atitude da Embaixada da Índia nos EUA.
Os indianos ameaçam promover uma "satyagraha", filosofia e prática de resistência não-violenta desenvolvida pelo Mahatma Mohandas Gandhi, em Washington DC caso os indianos não abraçassem a sua causa junto às autoridades norte-americanas.
Os manifestantes anunciaram que pretendem fazer uma marcha de 2,4 mil km que chegará até a capital dos EUA no dia 26 de março com o intuito de se reunir com o embaixador da Índia naquele país, Ronen Sen.
"A satyagraha [marcha] do Sal do Mahatma Gandhi expôs a tirania do sistema de tributação do sal britânico. Nossa satyagraha irá desmascarar o programa norte-americano de trabalhador-convidado como um sistema de trabalho com amarras", coloca o trabalhador e organizador Rajan Pazhambalakode em documento divulgado pela Aliança.
"Nós escrevemos em resposta aos sete dias de silêncio [do embaixador Ronen Sen], seguida de uma comunicado de 97 palavras que adiciona insultos" declararam os trabalhadores na carta de réplica divulgada na última segunda-feira (17). "Aparentemente 18 meses de tráfico humano mereceu menos de cem palavras suas", adicionou o grupo.
Os trabalhadores indianos acusam empregadores norte-americanos e empresas de recrutamento de violar leis trabalhistas, de imigração, de trabalho forçado e de tráfico de pessoas. Para eles, houve fraude e violação de direitos civis.
"Nosso próprio governo virou as costas depois de termos dio tratados como escravos", complementou Sabulal Vijayan, um dos trabalhadores envolvidos. "A única resposta é a satyagraha".
Vijayan é um dos cerca de 500 trabalhadores indianos que dizem ter pago US$ 25 mil ainda em 2006 para recrutadores indianos e norte-americanos por falsas promessas de trabalho e de residência permanente nos EUA.
Os trabalhadores receberam vistos temporários (de dez meses) de trabalho e trabalhavam nas instalações do estaleiro Signal, no Mississippi, na Louisiana e no Texas, e, segundo relatos, foram submetidos a condições de trabalho e alojamentos impróprios. A empresa ainda cobrava US$ 1.050 por mês por uma alimentação de péssima qualidade, segundo relatos dos trabalhadores.