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Negro ainda vive em região de porto, diz IBGE

Pesquisa mostra alta concentração de pretos e pardos próximos aos portos que atuaram como receptores de escravosGoverno pretende usar dados do instituto para produzir políticas que visem a inclusão e a redução da desigualdade racial no país A distribuição da população negra no Brasil reflete ainda hoje a ocupação do país durante o período da escravidão, como mostra estudo feito pelo IBGE a pedido da Secretaria Especial da Igualdade Racial da Presidência da República. A partir dos dados do Censo de 2000, os pesquisadores apontaram uma coincidência entre a alta concentração de população negra (pretos e pardos autodeclarados ao IBGE) e os portos que atuaram como receptores de escravos: São Luís (MA), Salvador (BA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). A capital fluminense tem 9,4% de pretos e 30,8% de pardos, enquanto Porto Alegre (RS) tem apenas 8,7% de pretos e 7,8% de pardos. O trabalho do IBGE, obtido pela Folha, aponta ainda a permanência dos negros em regiões para as quais eles se deslocaram de acordo com o desenvolvimento da economia durante a escravidão, como o litoral nordestino e o interior do Maranhão e do Piauí. "Esse mapa possibilita a identificação espacial da população negra no Brasil, e isso certamente vai ajudar os nossos gestores a produzir políticas públicas que visem a inclusão e a redução da desigualdade racial no país", disse à Folha o ministro Edson Santos (Igualdade Racial). Hoje, em cerimônia no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá o mapa das mãos do ministro. No mesmo evento, será lançado um selo-postal em comemoração aos cinco anos de criação da Secretaria Especial da Presidência. Sob Lula, será a primeira vez que o 13 de Maio será tema de solenidade oficial. Há, no movimento negro, correntes que não vêem motivos para comemorar essa data, pelo fato de, segundo eles, a Lei Áurea, assinada 120 anos atrás pela princesa Isabel, não ter abolido de fato a escravidão no Brasil. "É um processo incompleto. Mas a abolição foi um marco em nossa história. Nós deixamos de ser tratados enquanto coisas no Brasil e é evidente que isso foi uma vitória", afirma o ministro. "O movimento abolicionista colocou em xeque o poder no Brasil. Foi um movimento amplo. Há de se celebrar e de se reverenciar a data do 13 de Maio", completa. 13/05/2008EDUARDO SCOLESEANGELA PINHO

Pesquisa mostra alta concentração de pretos e pardos próximos aos portos que atuaram como receptores de escravos
Governo pretende usar dados do instituto para produzir políticas que visem a inclusão e a redução da desigualdade racial no país

A distribuição da população negra no Brasil reflete ainda hoje a ocupação do país durante o período da escravidão, como mostra estudo feito pelo IBGE a pedido da Secretaria Especial da Igualdade Racial da Presidência da República.

A partir dos dados do Censo de 2000, os pesquisadores apontaram uma coincidência entre a alta concentração de população negra (pretos e pardos autodeclarados ao IBGE) e os portos que atuaram como receptores de escravos: São Luís (MA), Salvador (BA), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ).

A capital fluminense tem 9,4% de pretos e 30,8% de pardos, enquanto Porto Alegre (RS) tem apenas 8,7% de pretos e 7,8% de pardos.

O trabalho do IBGE, obtido pela Folha, aponta ainda a permanência dos negros em regiões para as quais eles se deslocaram de acordo com o desenvolvimento da economia durante a escravidão, como o litoral nordestino e o interior do Maranhão e do Piauí.

"Esse mapa possibilita a identificação espacial da população negra no Brasil, e isso certamente vai ajudar os nossos gestores a produzir políticas públicas que visem a inclusão e a redução da desigualdade racial no país", disse à Folha o ministro Edson Santos (Igualdade Racial).

Hoje, em cerimônia no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá o mapa das mãos do ministro. No mesmo evento, será lançado um selo-postal em comemoração aos cinco anos de criação da Secretaria Especial da Presidência.

Sob Lula, será a primeira vez que o 13 de Maio será tema de solenidade oficial. Há, no movimento negro, correntes que não vêem motivos para comemorar essa data, pelo fato de, segundo eles, a Lei Áurea, assinada 120 anos atrás pela princesa Isabel, não ter abolido de fato a escravidão no Brasil.

"É um processo incompleto. Mas a abolição foi um marco em nossa história. Nós deixamos de ser tratados enquanto coisas no Brasil e é evidente que isso foi uma vitória", afirma o ministro. "O movimento abolicionista colocou em xeque o poder no Brasil. Foi um movimento amplo. Há de se celebrar e de se reverenciar a data do 13 de Maio", completa.

13/05/2008
EDUARDO SCOLESE
ANGELA PINHO


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