BRASÍLIA. O presidente em exercício, José Alencar, avaliou ontem que a Coteminas, maior indústria têxtil do país, da qual sua família é proprietária, errou ao não fiscalizar a empresa terceirizada responsável pelo plantio e corte de madeiras para caldeiras. A Coteminas teve negado um recurso de segunda instância em um processo no qual é acusada de manter trabalhadores em condições degradantes e pode ser incluída na chamada "lista suja" por exploração de trabalho escravo.
– Cometemos um erro de não termos ido lá para ver como a empresa administrava seus trabalhadores – disse Alencar ao GLOBO ontem.
O próprio presidente em exercício tomou a iniciativa de procurar O GLOBO para explicar a situação. Alencar frisou que a atuação de seu filho, o empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, foi avalizada por ele.
– Sou o responsável pela empresa e pelos atos do meu filho – disse Alencar, que está afastado do dia a dia da Coteminas desde 2003, quando assumiu a vice-presidência da República. – Estou solidário a qualquer ação que ele fizer.
Juíza do TRT multou Coteminas em R$ 90 mil Alencar disse que assim que a Coteminas tomou conhecimento das condições de trabalho dos cortadores, rompeu o contrato com a terceirizada e assumiu os empregados:
– Foi uma infelicidade. Aquilo foi mantido sem nossa observação. Mas assim que soubemos, corrigimos.
A Coteminas comprou uma unidade fabril da Artex e 14 propriedades em torno de Blumenau (SC). Em 2007, fiscais do Ministério do Trabalho flagraram em uma das propriedades empregados em condições degradantes.
A Coteminas obtivera recurso trancando a ação que tramitava na Justiça do Trabalho da cidade, mas a juíza relatora do processo, Lourdes Dreyer, decidiu em contrário e multou a empresa em R$ 90 mil.
Chico de Gois
01/10/2009