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Depoimento de dois garotos reforça a tese de trabalho escravo para explicar o desaparecimento de seis jovens em Luziânia

A Polícia Civil descartou as hipóteses de tráfico de órgãos, ritual de magia negra e extermínio para explicar o desaparecimento misterioso de seis jovens em Luziânia – cidade goiana localizada a 66km do DF – desde 30 de dezembro. O caso foi divulgado com exclusividade pelo Correio no último dia 16. Com isso, ganha força a linha policial de que eles teriam sido levados por uma organização especializada em rapto de adolescentes para utilizá-los em trabalho escravo. O depoimento de duas testemunhas reforça a aposta dos investigadores do município. "O adolescente que apareceu no domingo acabou confessando que estava trabalhando numa fazenda de um desconhecido aqui de Luziânia e ganhava R$ 15 para cada dia de trabalho", afirmou o delegado Rosivaldo Linhares, do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops). O menor citado tem 15 anos e sumiu no sábado último, por volta das 14h, do Parque Estrela Dalva 8. O delegado informa que irá convocar o dono da fazenda onde o adolescente diz ter trabalhado. "Vamos checar se isso é verdade. A linha de trabalho escravo é a principal, mas não é única", disse Linhares. O outro depoimento que fundamenta a teoria é de um jovem de 17 anos que afirma ter sido aliciado por dois homens desconhecidos. "Eles ofereceram R$ 50 para eu trabalhar meia hora em Brasília", descreve o menino, que mora no Parque Estrela Dalva 4, no mesmo lugar onde um outro adolescente está desaparecido: Diego Alves Rodrigues, 13. A polícia usará as informações dele para fazer os retratos falados da dupla de suspeitos. O trabalho está em fase de conclusão no Instituto de Identificação da Polícia Civil do DF. "Eles devem entregar amanhã (hoje) para a gente divulgar para a imprensa", afirmou Linhares. "Recebemos também uma informação de que os cinco estariam em Paracatu (MG). Vamos checar", acrescentou. Apesar de o delegado afirmar que não há motivo para pânico, a população do Parque Estrela Dalva está com medo desde quando foram noticiados o desaparecimento de Diego, Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16, George Rabelo dos Santos, 17, Divino Luiz da Silva, 16, Flávio Augusto dos Santos, 14, além de Márcio Luiz de Souza Lopes, 19, que sumiu na sexta-feira passada. Moradores do Parque Estrela Dalva 4, onde a família deste último mora, ameaçavam na noite de domingo atear pedra em todo o veículo desconhecido que passasse pelo local. AngústiaSem notícias dos filhos, os pais dos adolescentes desaparecidos acompanham informações pela TV. Católica, a mãe de Paulo Victor, a dona de casa Sônia Vieira Azevedo Lima, 45 anos, recorreu ao padre da Igreja Nossa Senhora Aparecida para pedir proteção ao filho. "Todas as missas são em intenção a ele e aos demais", disse o pároco Guilherme Alves Moreira. Familiares das vítimas vão a Goiânia hoje. Além de protestar, às 14h, ele terão uma audiência com o secretário de Segurança, Ernesto Roller. O GDF promete divulgar fotos dos desaparecidos em contas de luz e água da capital federal. A Delegacia de Repressão a Sequestros do DF também ofereceu apoio nas investigações. MAIS APOIOOs casos de desaparecimentos em Luziânia chegaram à Câmara dos Deputados. No fim da manhã de hoje, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, deputado Pedro Wilson (PT-GO), vai ao município para se encontrar com o vice-prefeito, Eliseu de Araújo Melo, e com o delegado Rosivaldo Linhares. O parlamentar se reunirá com familiares dos garotos desaparecidos para lhes oferecer o apoio da comissão, especialmente no campo jurídico. Em Alexânia, o drama se repete A 90km de Luziânia, em Alexânia – município distante 70km de Brasília – , familiares de duas adolescentes de […]

A Polícia Civil descartou as hipóteses de tráfico de órgãos, ritual de magia negra e extermínio para explicar o desaparecimento misterioso de seis jovens em Luziânia – cidade goiana localizada a 66km do DF – desde 30 de dezembro. O caso foi divulgado com exclusividade pelo Correio no último dia 16. Com isso, ganha força a linha policial de que eles teriam sido levados por uma organização especializada em rapto de adolescentes para utilizá-los em trabalho escravo. O depoimento de duas testemunhas reforça a aposta dos investigadores do município. "O adolescente que apareceu no domingo acabou confessando que estava trabalhando numa fazenda de um desconhecido aqui de Luziânia e ganhava R$ 15 para cada dia de trabalho", afirmou o delegado Rosivaldo Linhares, do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops).

O menor citado tem 15 anos e sumiu no sábado último, por volta das 14h, do Parque Estrela Dalva 8. O delegado informa que irá convocar o dono da fazenda onde o adolescente diz ter trabalhado. "Vamos checar se isso é verdade. A linha de trabalho escravo é a principal, mas não é única", disse Linhares.

O outro depoimento que fundamenta a teoria é de um jovem de 17 anos que afirma ter sido aliciado por dois homens desconhecidos. "Eles ofereceram R$ 50 para eu trabalhar meia hora em Brasília", descreve o menino, que mora no Parque Estrela Dalva 4, no mesmo lugar onde um outro adolescente está desaparecido: Diego Alves Rodrigues, 13.

A polícia usará as informações dele para fazer os retratos falados da dupla de suspeitos. O trabalho está em fase de conclusão no Instituto de Identificação da Polícia Civil do DF. "Eles devem entregar amanhã (hoje) para a gente divulgar para a imprensa", afirmou Linhares. "Recebemos também uma informação de que os cinco estariam em Paracatu (MG). Vamos checar", acrescentou.

Apesar de o delegado afirmar que não há motivo para pânico, a população do Parque Estrela Dalva está com medo desde quando foram noticiados o desaparecimento de Diego, Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, 16, George Rabelo dos Santos, 17, Divino Luiz da Silva, 16, Flávio Augusto dos Santos, 14, além de Márcio Luiz de Souza Lopes, 19, que sumiu na sexta-feira passada. Moradores do Parque Estrela Dalva 4, onde a família deste último mora, ameaçavam na noite de domingo atear pedra em todo o veículo desconhecido que passasse pelo local.

Angústia
Sem notícias dos filhos, os pais dos adolescentes desaparecidos acompanham informações pela TV. Católica, a mãe de Paulo Victor, a dona de casa Sônia Vieira Azevedo Lima, 45 anos, recorreu ao padre da Igreja Nossa Senhora Aparecida para pedir proteção ao filho. "Todas as missas são em intenção a ele e aos demais", disse o pároco Guilherme Alves Moreira. Familiares das vítimas vão a Goiânia hoje. Além de protestar, às 14h, ele terão uma audiência com o secretário de Segurança, Ernesto Roller. O GDF promete divulgar fotos dos desaparecidos em contas de luz e água da capital federal. A Delegacia de Repressão a Sequestros do DF também ofereceu apoio nas investigações.

MAIS APOIO
Os casos de desaparecimentos em Luziânia chegaram à Câmara dos Deputados. No fim da manhã de hoje, o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, deputado Pedro Wilson (PT-GO), vai ao município para se encontrar com o vice-prefeito, Eliseu de Araújo Melo, e com o delegado Rosivaldo Linhares. O parlamentar se reunirá com familiares dos garotos desaparecidos para lhes oferecer o apoio da comissão, especialmente no campo jurídico.

Em Alexânia, o drama se repete

A 90km de Luziânia, em Alexânia – município distante 70km de Brasília – , familiares de duas adolescentes de 11 e 14 anos vivem momentos de desespero pela falta de informações sobre o paradeiro das meninas. Pollyanna de Sousa Carvalho, a mais velha, está desaparecida desde 28 de dezembro e Thamiris Ferreira da Silva, a mais nova, saiu de casa no último dia 12 e não retornou. As duas garotas não se conhecem. Os dois casos não estão associados e são investigados em inquéritos separados pela Delegacia de Polícia de Alexânia. Segundo o chefe da DP, o delegado Antônio Carlos Silveira, o sumiço das meninas não tem ligação com o desaparecimento dos seis jovens da vizinha Luziânia.

O sofrimento de Valdivina Ferreira da Costa, 36 anos, e Agnaldo Marinho da Silva, 35, começou há 15 dias. Doméstica, a mãe de Thamiris a deixou dormindo em casa para ir ao trabalho, próximo à residência dela. Por volta das 11h, a menina seguiria ao encontro da mãe. Ela saiu de casa, cruzou a esquina e desapareceu. Alguns moradores a viram sendo colocada dentro de um veículo. Mas nada, até então, foi confirmado. Com ares infantis, a menina ainda brincava de bonecas e não tinha nenhum tipo de relação amorosa. A inocência da garota leva a equipe de investigação da delegacia de Alexânia a desconfiar sobre a ação de uma suposta quadrilha de exploração sexual infantil que estaria agindo na região. "Alguns relatos de pessoas que teriam sido assediadas dão um norte às investigações. Mas os dois casos são completamente diferentes", explica o delegado.

A espera de Lucinéia Sousa Lemes, 39 anos, pode completar um mês na próxima quinta-feira se Pollyanna de Sousa não aparecer. A adolescente saiu de casa com uma vizinha de 22 anos levando algumas peças de roupa na mochila. As duas teriam pego uma carona na BR-060 e não contaram a ninguém sobre a viagem que fariam. No entanto, a jovem de 22 anos às vezes liga para a mãe para tranquilizá-la e diz que elas estão bem. "A menina diz que ela não quer voltar para casa", conta a mãe.


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