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Vida digna, após trabalho degradante

Leandro, Jorge e Lidiana têm entre 20 e 23 anos. São jovens comuns que estudam, fazem curso profissionalizante, namoram, gostam de ir ao cinema, jogar bola, se divertir. Têm sonhos e desejos e veem a vida com bons olhos. Mas essa mesma vida já foi dura com essas pessoas. Há menos de um ano, Leandro Junior da Silva, Jorge Augusto de Sousa e Lidiana Domingas da Silva Valverde estavam em uma situação bem diferente. Precisando de dinheiro para se sustentar e sem estudos, foram seduzidos por propostas de emprego que prometiam condições dignas de trabalho e salário em dia. Não demorou muito para a realidade mostrar sua face: trabalhos exaustivos, sem condições mínimas de higiene e salários atrasados. A história desses jovens começou a ser reconstruída depois que eles foram resgatados do trabalho análogo ao escravo a que foram submetidos e passaram a fazer parte do Projeto Qualificação e Reinserção dos Trabalhadores Egressos do Trabalho Escravo e/ou em Situação de Vulnerabilidade. Graças à iniciativa, eles retomaram os estudos e têm perspectivas de um trabalho decente. O projeto, promovido pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE), tem o objetivo de conhecer a situação dos egressos de trabalho escravo e proporcionar educação e profissionalização, para que essas pessoas possam ter a oportunidade de buscar um trabalho digno. O resgate, por si só, não é suficiente. É preciso oferecer ferramentas que impeçam que essas pessoas voltem a ser empregadas em situações análogas à de escravidão ou degradantes. A parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI) em Mato Grosso possibilita que essas pessoas façam a conclusão do Ensino Fundamental e o curso de Eletricista de Manutenção Industrial. A qualificação é voltada para pessoas entre 18 e 23 anos. Alojados no Centro Pastoral de Migrantes, 10 jovens – sendo nove homens e uma mulher – têm aulas de manhã com disciplinas da 7ª e 8ª séries e fazem o curso profissionalizante no período da tarde. A turma é a primeira do projeto. "É um projeto piloto, mas que temos certeza de que será consolidado. Estamos estudando a abertura de uma nova turma para este ano", comemora o superintendente regional do Trabalho de Mato Grosso, Valdiney Antônio de Arruda. A coordenadora da casa, Eliana Aparecida Vitaliano, disse que em 30 anos, cerca de 204 mil pessoas passaram pela residência. "Além de oferecer um lugar para se alimentar e para dormir, nós tentamos também trabalhar a motivação", afirmou. Jorge e Lidiana trabalhavam com plantio de árvores de pau de balsa em uma fazenda próxima ao município de Rosário Oeste. Dormiam em redes, não tinham carteira assinada, os salários atrasavam, não tinham água tratada e nem condições mínimas de higiene. "Cansei de ver rato perto do lugar onde eu estava dormindo", contou a jovem. "Se quiséssemos água, tinha que ser do rio. Nosso banheiro era o matagal perto do alojamento", relatou Jorge. A situação de Leandro não era muito diferente. Fazendo serviços gerais em uma fazenda próxima a Santa Rita do Trivelato, não recebia pagamento, dormia em uma barraca de lona e, para tomar banho, tinha que ir para o rio. "Eu sabia que não tava certo, mas não tinha dinheiro para sair de lá", explicou. Aceitar esse tipo de trabalho só foi possível graças à situação em que viviam. Nenhum deles terminou o primeiro grau e precisava trabalhar para se sustentar. "Eu estava desempregado e quando fiquei sabendo do emprego, me disseram que era carteira assinada. Não imaginei que ia sofrer o que sofri", lamentou-se Jorge. Hoje, quase no final de um ano de curso, […]

Leandro, Jorge e Lidiana têm entre 20 e 23 anos. São jovens comuns que estudam, fazem curso profissionalizante, namoram, gostam de ir ao cinema, jogar bola, se divertir. Têm sonhos e desejos e veem a vida com bons olhos. Mas essa mesma vida já foi dura com essas pessoas.

Há menos de um ano, Leandro Junior da Silva, Jorge Augusto de Sousa e Lidiana Domingas da Silva Valverde estavam em uma situação bem diferente. Precisando de dinheiro para se sustentar e sem estudos, foram seduzidos por propostas de emprego que prometiam condições dignas de trabalho e salário em dia. Não demorou muito para a realidade mostrar sua face: trabalhos exaustivos, sem condições mínimas de higiene e salários atrasados.

A história desses jovens começou a ser reconstruída depois que eles foram resgatados do trabalho análogo ao escravo a que foram submetidos e passaram a fazer parte do Projeto Qualificação e Reinserção dos Trabalhadores Egressos do Trabalho Escravo e/ou em Situação de Vulnerabilidade. Graças à iniciativa, eles retomaram os estudos e têm perspectivas de um trabalho decente.

O projeto, promovido pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE), tem o objetivo de conhecer a situação dos egressos de trabalho escravo e proporcionar educação e profissionalização, para que essas pessoas possam ter a oportunidade de buscar um trabalho digno. O resgate, por si só, não é suficiente. É preciso oferecer ferramentas que impeçam que essas pessoas voltem a ser empregadas em situações análogas à de escravidão ou degradantes.

A parceria com o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem (SENAI) em Mato Grosso possibilita que essas pessoas façam a conclusão do Ensino Fundamental e o curso de Eletricista de Manutenção Industrial. A qualificação é voltada para pessoas entre 18 e 23 anos.

Alojados no Centro Pastoral de Migrantes, 10 jovens – sendo nove homens e uma mulher – têm aulas de manhã com disciplinas da 7ª e 8ª séries e fazem o curso profissionalizante no período da tarde.

A turma é a primeira do projeto. "É um projeto piloto, mas que temos certeza de que será consolidado. Estamos estudando a abertura de uma nova turma para este ano", comemora o superintendente regional do Trabalho de Mato Grosso, Valdiney Antônio de Arruda.

A coordenadora da casa, Eliana Aparecida Vitaliano, disse que em 30 anos, cerca de 204 mil pessoas passaram pela residência. "Além de oferecer um lugar para se alimentar e para dormir, nós tentamos também trabalhar a motivação", afirmou.

Jorge e Lidiana trabalhavam com plantio de árvores de pau de balsa em uma fazenda próxima ao município de Rosário Oeste. Dormiam em redes, não tinham carteira assinada, os salários atrasavam, não tinham água tratada e nem condições mínimas de higiene. "Cansei de ver rato perto do lugar onde eu estava dormindo", contou a jovem.

"Se quiséssemos água, tinha que ser do rio. Nosso banheiro era o matagal perto do alojamento", relatou Jorge.

A situação de Leandro não era muito diferente. Fazendo serviços gerais em uma fazenda próxima a Santa Rita do Trivelato, não recebia pagamento, dormia em uma barraca de lona e, para tomar banho, tinha que ir para o rio. "Eu sabia que não tava certo, mas não tinha dinheiro para sair de lá", explicou.

Aceitar esse tipo de trabalho só foi possível graças à situação em que viviam. Nenhum deles terminou o primeiro grau e precisava trabalhar para se sustentar. "Eu estava desempregado e quando fiquei sabendo do emprego, me disseram que era carteira assinada. Não imaginei que ia sofrer o que sofri", lamentou-se Jorge.

Hoje, quase no final de um ano de curso, eles se preparam para assumir seus novos empregos. Graças à parceria entre o SRTE, o Sesi/Senai e outras empresas, eles já têm um lugar para trabalhar. Leandro e Lidiane vão trabalhar em uma empresa em Dom Aquino e Jorge, em Campo Verde.

Esses jovens sabem que graças ao projeto, eles tiveram uma segunda chance. E não querem desperdiçá-la.


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