Jornal da Tarde, 13 de setembro
Rivais não assinam manifesto contra trabalho escravo
Uma carta pode causar saia-justa na campanha dos dois principais concorrentes ao Planalto, o presidente Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). O documento, divulgado pela ONG Repórter Brasil, pede dos candidatos à Presidência compromisso no combate ao trabalho escravo, e já foi assinado por Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT). O petista e o tucano, porém, não o fizeram. Alegando discordância em alguns pontos, enviaram textos próprios sobre o tema.
A carta estima em 25 mil o número de pessoas em situação de trabalho escravo. E tem pontos polêmicos, como compromisso de que o candidato, se eleito, renuncie se for descoberto trabalho escravo em suas propriedades. Se assessores forem acusados, deve exonerá-los.
'A idéia é cobrar o candidato e dar ao eleitor elemento de escolha', diz Leonardo Sakamoto, coordenador da ONG. A divulgação dos signatários ocorrerá em breve. 'Os dois mandaram cartas interessantes, mas a regra do compromisso é clara'. A ONG reconhece que FHC iniciou combate ao trabalho escravo e Lula o tratou como prioridade, mas que a solução está longe.
A campanha de Lula alegou que a carta não foi assinada pois seus termos 'não retratam como deveriam avanços do governo no setor'. A assessoria de Alckmin alegou discordância com termos do documento, mas diz que enviou resposta com a posição dele sobre o assunto.