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Raimundo Leandro


Tinha 15 anos no resgate


"Tinha doze anos quando fui para a (fazenda) Brasil Verde pela primeira vez. Lembro que logo no primeiro dia, cortando uma cerca, machuquei a mão. O cara (fiscal) falou: 'Nem começou a trabalhar e já se adoentou?'”

“Fiquei bravo e continuei trabalhando, nem remédio tomei para mostrar que aguentava. Voltei depois de três anos. Por que? Porque aqui a gente não conseguia emprego e precisava ajudar em casa. Lá foi a pior coisa que aconteceu na minha vida. Tinha quinze anos quando fui resgatado de trabalho escravo. Em casa, contei para minha mãe e jurei que não voltaria para lá. Mas parar de viajar não dá, porque aqui a gente não ganha nada. Tempo depois, um colega me chamou para trabalhar naquelas bandas. Quando cheguei, era na mesma fazenda, e quem me recebeu era o mesmo fiscal, um baixinho. Não sei se ele me reconheceu, também não perguntei. Só disse que queria ir embora. Fui andando até a cidade, que ficava a uns 40 quilômetros dali."

Raimundo Leandro de Sousa, 33 anos, trabalhador rural