Político é incluído na “lista suja” do trabalho escravo do MTE

 16/12/2006

THIAGO REIS
da Agência Folha

Mais um político foi incluído na "lista suja" do trabalho escravo do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). O deputado estadual eleito Francisco Dantas Ribeiro Filho (PMDB-MA), ex-prefeito de Alto Alegre do Pindaré (343 km de São Luís), é um dos 50 novos nomes presentes no documento –um recorde desde 2003, quando a lista começou a ser produzida.

Ribeiro Filho foi eleito neste ano com 30.039 votos. Em sua fazenda Piçarreira, em Alto Alegre do Pindaré, foram libertados 12 trabalhadores em condição análoga à de escravos.

A reportagem tentou falar com o recém-eleito deputado, mas não conseguiu contato. O celular estava desligado. Em sua casa, em Alto Alegre do Pindaré, uma funcionária disse que ele não estava.

Ao todo na lista, são 170 empregadores flagrados cometendo o crime e que já não têm direito a recurso no MTE.

Outros 34 que deveriam constar do cadastro obtiveram liminares com efeito suspensivo da Justiça Federal e da Justiça do Trabalho.

Continua na lista o senador João Ribeiro (PL-TO), cujo mandato encerra em 2011. Segundo ele, a lista deve ser analisada com cautela, pois o MTE "é parte interessada em acusar". Foram libertados 35 trabalhadores de sua fazenda em Piçarra, no Pará. O político diz já ter vencido a acusação contra trabalho escravo na Justiça.

Há quatro reincidentes na nova lista, entre eles a destilaria Gameleira, que detém agora o maior número de trabalhadores libertados: 1.003. Ela já constava da lista desde novembro de 2003, após 318 trabalhadores serem libertados.

Segundo Carlos Brickmann, assessor da empresa, a volta da Gameleira é "injusta", pois houve mudança no controle acionário e todas as providências já foram tomadas, como, por exemplo, a adequação do refeitório dos funcionários.

Pela primeira vez, uma fazenda do Sul do país entrou na lista. De uma propriedade de São Francisco de Paula (RS), foram libertados 35 trabalhadores –alguns adolescentes.

Apesar de não ter valor jurídico, a lista –atualizada a cada seis meses– pode impedir o acesso dos empregadores a créditos de bancos públicos e de algumas instituições privadas.

Os incluídos também podem perder clientes –mais de 80 empresas já se negam a adquirir mercadorias das fazendas, de acordo com informações do ministério.

A retirada definitiva dos nomes pode ocorrer se, no prazo de dois anos, os problemas encontrados pela fiscalização forem sanados.

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