Trabalho Escravo

Com 48 inclusões, "lista suja" chega a 251 empregadores

Com a atualização semestral de julho de 2011, a soma total de infratores alcançou a marca de 251 nomes. Na divisão por regiões, Centro-Oeste e Sul aparecem com mais ingressantes. Dois prefeitos entraram no cadastro
Por Maurício Hashizume
 28/07/2011

A “lista suja” do trabalho escravo, como ficou conhecido o cadastro de exploradores de mão de obra em condições desumanas, jamais teve tantos nomes. Com a atualização semestral desta quinta-feira (28), a soma total de empregadores alcançou a marca de 251 nomes.

Foram incluídos 48 nomes na relação mantida pelo governo federal. Outros cinco foram excluídos. A “lista suja” é mantida pela Portaria Interministerial 2/2011, assinada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

A quantidade expressiva de inserções é um reflexo da conclusão do grande volume de processos administrativos iniciados nos últimos anos. O MTE instaura esses procedimentos a partir das situações análogas à escravidão encontradas pelo grupo móvel de fiscalização e pela atuação das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs).

Só entre 2007 e 2009, houve cerca de 4,9 mil libertações por ano. Nesse mesmo período, a média anual de operações registradas ultrapassou 140; mais de 280 estabelecimentos foram inspecionados, em média, a cada ano.

Divisão por Estados dos 48 empregadores incluídos
1. Goiás (GO)…………………….8
2. Mato Grosso (MT)…………….7
Paraná (PR)…………………..7
3. Minas Gerais (MG)……………6
4. Santa Catarina (SC)…………5
5. Tocantins (TO)………………..4
6. Pará (PA)……………………….3
7. Piauí (PI)……………………….2
8. Amazonas (AM)……………….1
Espírito Santo (ES)……………1
Maranhão (MA)………………..1
Mato Grosso do Sul (MS)…….1
Rio Grande do Sul (RS)………1
São Paulo (SP)………………..1

Na comparação entre regiões do país, os ingressantes do Centro-Oeste formam a maioria, com 16 empregadores. Em seguida, aparecem os incluídos do Sul (13). Sudeste (oito) e Norte (oito) empatam na terceira posição. O Nordeste teve o menor número de inseridos: apenas três.

A divisão por Estados coloca o Goiás na primeira colocação, com oito inclusões (tabela ao lado). O segundo posto é compartilhado entre Mato Grosso e Paraná, ambos com sete. Santa Catarina vem em quarto, com cinco. Na sequência, estão Tocantins, com quatro; seguido pelo Pará , com três; e pelo Piauí, com dois. Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo têm um único agregado à lista.

Matérias da Repórter Brasil reúnem mais informações sobre diversos casos que estão levando mais empregadores para a “lista suja”. Dois dos ingressantes, aliás, são mandatários municipais: José Rolim Filho (PV), mais conhecido como Zito Rolim, é prefeito eleito de Codó (MA); e Vicente Pereira De Souza Neto (PR) está à frente da Prefeitura de Toledo (MG).

Há ainda flagrantes em: escavações para expansão da rede de telefonia celular no Espírito Santo; atividades de preparação de terreno para a pecuária extensiva no Tocantins e também no Pará; canteiros de obras da construção civil no Norte do Mato Grosso; áreas de cultivo de morangos em Minas Gerais.

Vários inseridos são citados em matéria sobre operação que encontrou trabalho escravo na produção de carvão vegetal em condições extremamente precárias em propriedades situadas no município de Jussara (GO).

Amplo material diz respeito a ações realizadas no Sul, em atividades distintas e características como a colheita de batatas, a coleta de erva-mate e a extração madeireira – seja no corte de pinus, com dois casos de Doutor Ulysses (PR), ou no reflorestamento em Irati (PR). Uma empresa que produz embalagens para a indústria alimentícia (Maxiplast) é outra das novas empresas com o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) na “lista suja” (veja abaixo).

Aqueles que pagarem todas as pendências trabalhistas e não reincidirem no crime estarão aptos a deixar o cadastro após um prazo de dois anos. Desde 2003, uma portaria do governo federal impede a concessão de empréstimos de instituições bancárias públicas a infratores da “lista suja” do trabalho escravo. Recomendação similar é seguida por bancos privados.

As restrições se estendem aos signatários do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, que completou seis anos. Para fazer parte da iniciativa, companhias e associações privadas assumiram o compromisso de cortar negócios com exploradores de escravidão e de implementar ações para evitar e eliminar problemas no escopo das cadeias produtivas.

Inclusões e exclusões da “lista suja” do trabalho escravo
Entraram em 28/07/2011
Antônio Carlos Françolin* – 627.916.998-72
Antônio Carlos Lassi Lopes – 073.063.421-34
Antônio Joaquim Duarte – 004.761.536-20
Ari Fogaça da Silva Sengés – 07.918.470/0001-88
Bell Construções Ltda. – 03.096.643 0001-79
Benedito Manoel da Silva
– 734.667.780-34
Cássia Regina Felipe Caparroz – 169.753.888-65
Cleber Carlos de Brito – 491.753.511-53
Cleiton de Souza Benites – 356.110.061-91
Danilo Marcolino Faccio – 031.830.259-49
Diogo Antônio de Lima – 774.703.112-20
Dorival Cardoso de Oliveira – 014.074.901-25
Ervateira Linha Alegre Ltda. – 05.591.323 0001-10
F.Braga de Souza (Samauma Agrosilvipastoril)-00.542.903/0001-02
Frederico Maia Martins – 034.256.573-72
Gilmar José Mocelini – 568.403.069-68
Irene Batista Aquino – 310.880.821-49
Jair Perillo – 002.836.301-91
João Carlos Petrucci – 353.243.921-20
Joel Lucas Malanski – 816.365.479-15
José Ramalho de Oliveira – 623.733.316-91
José Rolim Filho – 095.565.913-20
Jurandir Sia e Outros – 136.257.568-20
Juvenil José Martins – 591.746.418-91
L. Schmaedecke Comércio e Indústria Ltda. – 84.933.969/0001-05
Labib Adas – 152.248.808-15
Luiz Pedro Serafim – 246.364.369-20
Madepar S/A – Indústria e Comércio – 47.614.177/0003-03
Marisio Vicente da Silva – 027.109.271-87
Masa Construção Civil Ltda. – 10.214.332/0001-22
Maxiplast Agropecuária Ltda. – 78.272.125/0003-44
Nilton da Cruz – 260.377.341-00
Novo Norte Agropecuária Ltda. – 09.172.857/0001-63
Oesteval Agropastoril Ltda. – 25.629.833/0002-28
Onilton Antônio Mattedi – 308.729.876-04
Paulo Cezar Segala – 734.667.780-34
Reflorestamento e Agropecuária VPG S/A – 10.317.458/0001-22
Renato Pedro Ferreira – 028.003.949-27
Renato Rodrigues da Costa – 497.543.861-53
Samuel Jorge ME – 72.086.382/0001-29
Sebastião Roelto Andrade – 055.749.956-97
Usinas Itamarati S/A** – 15.009.178/0001-70
Valdeci dos Anjos Brito – 146.207.316-68
Vicente de Paula Costa – 265.386.286-72
Vicente Pereira de Souza Neto – 171.503.536-49
Vieira Cardoso Embalagens Ltda. – 10.519.491/0001-35
Wilson Dissenha – 008.783.838-91
Wilson Luiz de Melo – 711.254.188-34
Saíram em 28/07/2011
Ivan Domingos Paghi – 016.837.008-56
José Nilo Dourado – 07.041.102/0001-02
Renê Moreira de Souza – 319.347.061-91
Rosana Sorge Xavier – 993.277.0886-49
Salomão Pires de Carvalho – 024.354.897-49
Saiu em 01/08/2011
Usinas Itamarati S/A** – 15.009.178/0001-70

*Reinserido por decisão judicial
** Retirada por decisão judicial em 1º de agosto de 2011

A Madepar recorreu à Justiça do Trabalho para sair do cadastro de empregadores flagrados com mão de obra escrava, a chamada “lista suja”. O nome da empresa e de seu diretor presidente Wilson Dissenha, incluídos na relação em julho de 2011, foram excluídos em 30 de novembro de 2012 por determinação da justiça. A decisão final sobre o caso foi tomada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, a qual não cabe recurso. Texto atualizado em novembro de 2013. 

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