Estudos de instituições como Inpa, Ipea, Imazon, Instituto Centro de Vida e ISA apontam um aumento do desmatamento junto à chegada de usinas hidrelétricas na Amazônia. Teles Pires tomou alguma medida para mitigar esse desmatamento causado pela obra?
A implantação do canteiro de obras da UHE Teles Pires foi totalmente diferente das demais hidrelétricas implantadas na Amazônia. Designada como usina plataforma, na Hidrelétrica Teles Pires todos os trabalhadores (cerca de 6 mil homens no pico da obra) ficaram alojados no próprio canteiro de obras localizado a 90 quilômetros de Paranaíta (MT), cidade mais próxima. Com o fim das obras, o canteiro – construído originalmente em uma antiga área de pastagem, já sem a floresta nativa – vem sendo paulatinamente desativado e quando não houver mais estruturas ali, a área será totalmente reflorestada e integrada à mata original.
Destacamos que a Companhia Hidrelétrica Teles Pires recebeu do IBAMA autorização para suprimir até 1.289,85 (ha), correspondentes à área total do canteiro incluindo estradas, alojamentos, oficinas, pátios, área da obra entre outros espaços físicos. Visando otimizar e mitigar os impactos dessa supressão, a CHTP conseguiu reduzir a área suprimida em mais da metade: de 1.289,85 (ha) autorizado, foram utilizados apenas 460,837 (ha). E dentro dessa metragem a maior parte das áreas já eram antropizadas (roças, estradas e pastos) pelos antigos proprietários daquelas terras.
Também destacamos os programas ambientais de recomposição florestal e recuperação de áreas degradadas com mais de 25km² de área a ser regenerada além de ações e atividades de Educação Ambiental e recuperação de nascentes e mata ciliar desenvolvidas no assentamento São Pedro, um dos maiores do Estado do Mato Grosso, localizado no município de Paranaíta/MT.
Os estudos citados apontam projeções a longo prazo e incidem mais em hidrelétricas localizadas próximas a áreas urbanas, o que não é o caso da UHE Teles Pires.
Algumas usinas hidrelétricas, como Belo Monte, fizeram projeções em seus estudos ambientais sobre o desmatamento indireto causado pela usina. Por que o EIA-Rima de Teles Pires não considerou esse possível problema?
Porque não era, no caso da UHTP Teles Pires, “um possível problema”. Acrescente-se que o reservatório da UHE Teles Pires, com 160km² de área incluindo a calha do rio, corresponde a 1/3 do de Belo Monte (503 km²) e a maior parte dessa área constitui a área de alagamento do rio no período de chuvas (outubro a maio) e áreas antropizadas muito antes da chegada do empreendimento na região. A UHE Teles Pires vem cumprindo rigorosamente todos os programas e condicionantes exigidas pelos órgãos competentes.
Paranaíta teve um aumento da degradação da floresta no município após a liberação das obras. Segundo estudo do Instituto Centro de Vida, a degradação teve seu pico no ano do anúncio das obras da usina, quando alcançou 18 mil hectares. A usina vê uma relação entre esses dados e o anúncio das obras?
Não há como estabelecer qualquer nexo entre dados ou esse aumento do desmatamento na região com a chegada do empreendimento. Importante frisar que no gráfico de desmatamento do ICV o aumento do desmatamento na AII da UHE TelesPires ocorreu ao longo do ano de 2010. Contudo, a LP e respectivo leilão da UHE, aconteceu apenas em Dez/10, e o início dos trabalhos em Ago/11.
Paranaíta era a 93 ª cidade que mais desmatava no país em 2010. Com a chegada da usina, disparou para o 26ª lugar do ranking em 2014. A usina vê uma relação entre as obras e o aumento do desmatamento na região?
Não há como estabelecer qualquer nexo com a chegada do empreendimento.