Escravidão atinge 12 milhões de pessoas no mundo, diz ativista

 16/10/2006

Por Paul Majendie

LONDRES (Reuters) – Ao menos 12 milhões de pessoas, a maior parte delas crianças, são vítimas da escravidão em todo o mundo, afirmou na segunda-feira (16) uma ativista dos direitos humanos.

As crianças são usadas na indústria pornográfica e na prostituição, além de serem exploradas como mão-de-obra barata e como soldados.

"Elas são as mais vulneráveis, as mais baratas para se contratar e as menos propensas a exigir melhores salários ou melhores condições de trabalho", afirmou Sarah Williams, do grupo Anti-Slavery International. Segundo Williams, há 8,4 milhões de crianças escravizadas no mundo todo.

"Essa é uma missão a ser completada", afirmou a ativista durante um seminário realizado em Londres para avaliar como a Grã-Bretanha, um país hoje multicultural, celebraria, no próximo ano, o bicentenário da abolição do tráfico de escravos.

Williams apresentou um panorama sombrio a respeito da escravidão no mundo todo. Milhares de pessoas foram sequestradas e escravizadas no Sudão desde o início da guerra civil, em 1983, disse.

Centenas de milhares de pessoas de Burma foram obrigadas a trabalhar como agricultores nas lavouras, como carregadores para o Exército ou como operários que recebem salários muito pequenos ou nenhum salário.

As mulheres são levadas de países como a Albânia e a Moldávia e obrigadas a se prostituírem na França, na Itália e na Grã-Bretanha. Os homens são levados do México e submetidos a trabalhos forçados em fazendas norte-americanas.

A criança vendida para ser jóquei de camelo, a mulher obrigada a se prostituir, o trabalhador imigrante cujo passaporte é confiscado por seu chefe gângster – todos esses são casos de escravidão, afirmou.

Nos preparativos para o bicentenário, o governo britânico disse estar avaliando a possibilidade de divulgar uma "declaração de arrependimento", mas nenhuma decisão ainda foi tomada sobre essa delicada questão.

Em declarações dadas no mesmo seminário, o ministro britânico da Cultura, David Lammy, afirmou: "A história da escravidão não acabou. Precisamos todos redobrar nossos esforços para combater a injustiça onde quer que a encontremos."

Liverpool, o porto do norte da Inglaterra por onde passaram cerca de 1 milhão de escravos vindos da África e enviados aos EUA e ao Caribe, divulgou um pedido de desculpas em 1999.

Em fevereiro, a Igreja da Inglaterra desculpou-se por ter obtido lucros com o "desumano e vergonhoso" comércio de escravos. A declaração apareceu dois séculos depois de membros dessa Igreja terem ajudado a abolir o tráfico de escravos na Grã-Bretanha.

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