A Comissão Pastoral da Terra (CPT) vai iniciar um levantamento sobre denúncias de trabalho escravo ou degradante para apresentar ainda este ano ao Ministério do Trabalho. Segundo a representante da CPT, Marta Valéria da Cunha, com medo de represálias, a população não denuncia os casos de exploração e isso cria a idéia de que não há trabalho escravo na região.
Ao percorrer o rio Aripuanã, no Amazonas, durante a terceira semana de março, o coordenador estadual do Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Leonardo Pacheco, verificou a existência de trabalho em regime de servidão em Apuí, no sul do estado. Durante o percurso, ele colheu relatos de extrativistas que ganhavam juntos R$ 30,00 para abrir um quilômetro de estrada no meio da mata
Para a assessora da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) em Manaus, Cristiane de Souza Queiroz, a falta de denúncias dificulta a fiscalização no estado. "É uma lógica perversa: enquanto se mantém esse mito, nós não temos como justificar a demanda por mais auditores fiscais e investimentos para trabalho de campo. E, sem infra-estrutura ou orçamentos adequados, a gente não consegue comprovar a existência do trabalho escravo no Amazonas".
Ela diz que a DRT possui apenas 29 auditores fiscais do trabalho na ativa no estado e, portanto, só consegue fazer a fiscalização quando há uma denúncia formal. Cristiane informou também que 15 novos auditores, aprovados em concurso público, devem iniciar o trabalho no dia próximo dia 19.