Você sabia que grandes empresas brasileiras estão conectadas através de pessoas que têm assento em seus conselhos? A Repórter Brasil identificou essas relações existentes, que envolvem as maiores corporações e fundos de pensão do país. Elos que muita gente nem imagina que existam.
O resultado dessa investigação está disponível em uma plataforma digital na qual o internauta pode criar suas próprias redes, descobrindo relações nos setores que mais lhe interessam. O leitor também pode imprimir esses mapas criados ou enviá-los por redes sociais. O objetivo é transformar um assunto importante, mas que pode ser bem chato, em algo divertido. Textos de apoio acompanham a plataforma para ajudar a explicar o que significam tantas conexões.
O que é um Conselho? – Em um prédio, o condomínio elege por votação dos presentes um síndico e um conselho, que interagem aprovando contas, avaliando obras e o desempenho dos funcionários. Nas empresas, não é diferente. Os executivos são nomeados pelo Conselho de Administração, que define metas, orienta as estratégias de curto, médio e longo prazo, além de zelar pela missão e valores de cada companhia.
O Conselho de Administração é uma obrigação legal de uma empresa de capital aberto (cujas ações estão listadas em bolsa e estão pulverizadas entre milhares de acionistas no Brasil e exterior, o que força um compromisso maior com a transparência). E é uma tendência crescente também em companhias de capital fechado, em que os acionistas não prestam contas com tanta transparência, por não terem essa obrigação. Mas que atraem maior interesse quando pequenas, médias e grandes empresas de capital fechado buscam capital de investidores para crescer. Para obter esses recursos de terceiros, um dos requisitos é melhorar a “governança” corporativa e criar conselhos em que os fundadores possam discutir as estratégias com os investidores.
Como foi feita a investigação? – “Eles Mandam” é uma investigação da Repórter Brasil, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, inspirado no They Rule, que mostra quem são os que ocupam os assentos nos conselhos das maiores empresas dos Estados Unidos, possibilitando identificar redes de relacionamentos entre elas. Esta versão brasileira foi produzida com a permissão dos responsáveis pela iniciativa norte-americana.
Uma extensa pesquisa nos sites, balanços e comunicados das próprias empresas levantou nomes e perfis de quem se senta em seus Conselhos de Administração. A escolha das empresas foi baseada em “Melhores e Maiores – As 1000 Maiores Empresas do Brasil”, organizado pela revista Exame, da Editora Abril, edição de 2013, tomando como referência as 100 maiores empresas e as 50 maiores holdings. Para a escolha dos Fundos de Pensão, levou-se em consideração os dez maiores que, coincidentemente, contam com uma carteira de investimentos igual ou superior a R$ 10 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Portanto, pesquisou-se as 100 maiores empresas, os 50 maiores grupos econômicos e os dez maiores fundos. O resultado não é 160, mas 141 porque há sobreposição entre as maiores empresas e os maiores grupos*.
* Texto atualizado na manhã desta quarta-feira, dia 4, para inclusão de informações.