Agronegócio

 06/06/2014

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Hoje o setor sucroalcooleiro vive uma crise intensa. A política do governo federal de evitar reajustes sobre o preço dos combustíveis tem criado uma série de incertezas. O controle sobre os preços dos combustíveis, em especial gasolina e diesel, desde 2008 se combinou à política de incentivo à aquisição de veículos, com redução do Imposto de Produtos Industrializados (IPI). Enquanto a frota de veículos cresceu, a gasolina teve seu preço subsidiado, o que reduziu a competitividade do setor sucroalcooleiro. Em Mato Grosso do Sul, um dos polos de produção, a moagem pulou de 14 milhões de toneladas na safra 2008/2009 para pouco mais de 40 milhões cinco anos depois. Mas não há nenhum novo projeto de investimento no papel.

Esse cenário de crise no setor poderá alimentar uma onda de consolidação na indústria sucroalcooleira ao longo dos próximos anos, com grandes grupos se tornando ainda maiores. Mas isso poderá coincidir com a maior presença do governo, via BNDESPar, que poderá se tornar acionista de alguns empreendimentos. A dívida do setor é hoje um dos principais gargalos enfrentados pelos usineiros.

Maior escala tem sido o mantra de outros segmentos. Em junho de 2013, a Marfrig e a JBS confirmaram), a venda de determinadas participações societárias em sociedades que a Marfrig detém na unidade de negócios Seara Brasil à JBS e 100% do capital da sociedade que detém no negócio de couro no Uruguai (Zenda), por R$ 5,85 bilhões. O movimento da JBS foi estratégico para agregar valor e expandir o segmento de industrializados. Segundo a empresa, com a aquisição da Seara Aves, a JBS, maior produtora de carne bovina do mundo, passará a ter um abate diário de 12 mil aves por dia, sendo a segunda maior empresa brasileira de industrializados e a segunda maior de aves do mundo.

A união entre Sadia e Perdigão que resultou na criação da BRF é outro movimento de consolidação. A BRF se tornou uma das dez maiores empresas globais de alimento, com a venda de seus produtos em 120 países e 60 fábricas no Brasil e exterior. Sua criação passou pelo crivo do Cade, o que mostra sua importância.

A BRF recebeu a aprovação em 13 de julho de 2011. O negócio ficou condicionado ao cumprimento de um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) para a venda de um conjunto de ativos composto por dez fábricas de alimentos processados e quatro de rações, dois abatedouros de suínos e dois de aves, 12 granjas de matrizes de frangos, dois incubatórios de aves e oito centros de distribuição.

O termo estabelece ainda a alienação das marcas Rezende, Wilson, Texas, Tekitos, Patitas, Escolha Saudável, Light Elegant, Fiesta, Freski, Confiança, Doriana e Delicata. Adicionalmente, a BRF comprometeu-se a suspender temporariamente as marcas Perdigão e Batavo em algumas categorias de produtos. Baseada em uma análise sobre os resultados divulgados de 2010, a alienação de ativos e marcas acordada com o Cade resulta em receitas de R$ 1,7 bilhão, com volumes relativos a 456 mil toneladas de produtos in natura, elaborados e processados, comemorativos e margarinas. Já as suspensões de categoria das marcas Perdigão e Sadia equivalem a receitas de R$ 1,2 bilhão.

Em dezembro de 2011, esses ativos foram negociados com a empresa Marfrig, sendo o contrato de permuta de ativos firmado em 20 de março de 2012. Em troca, a BRF receberá a totalidade da participação acionária detida na Quickfood S.A. (que será reestruturada para adequar ao acordo firmado), sediada na Argentina, equivalente a 90,05% do capital social, e o pagamento adicional da importância de R$ 350 milhões.

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