Resposta da JBS sobre bem-estar animal

Leia a íntegra da resposta da empresa sobre situações encontradas em fazendas que fornecem gado aos seus frigoríficos
 26/08/2016

Leia a íntegra dos questionamentos da Repórter Brasil e das respostas da JBS a respeito da reportagem “Choques, socos e pauladas: a vida do gado que vira bife na JBS”:

1) Em diversos casos, a localização das fazendas no site “Confiança Desde a Origem”, mantido pela empresa, aponta para locais equivocados, como áreas urbanas, fazendas com outras culturas, rios, lagos e até terras indígenas. Além disso, há casos de fazendas cujos nomes não conferem com os dados que constam do site. A que a empresa atribui os erros do site “Confiança Desde a Origem”?

Os dados geográficos das fazendas fornecedoras de gado são checados periodicamente por uma empresa terceira para evitar possíveis erros de localização. No entanto, para uma resposta mais precisa é necessário que sejam apontados quais são as fazendas que supostamente estão com a localização geográfica incorreta. Além disso, para as oito fazendas citadas é necessário que seja fornecido a data de consulta no site “Confiança desde a Origem” e, também a data de produção e número de SIF utilizado na consulta.

Outro ponto que necessita de esclarecimento é se a coordenada geográfica indicada pela reportagem para cada uma dessas fazendas foi retirada do site “Confiança desde a Origem” ou se foi coletada por meio de GPS em campo, ou ainda, por meio de outra ferramenta como, por exemplo, o Google Earth/Maps.

A JBS esclarece que a parametrização utilizada para a coleta de dados, como sistema de projeção e Datum, pode influenciar o dado geográfico, causando, inclusive, deslocamentos de posição, tornando os dados incomparáveis. A JBS utiliza como parâmetro o sistema de projeção Geográfico e Datum WGS84 em seu sistema de geomonitoramento socioambiental das fazendas fornecedoras de gado para a coleta das coordenadas com posterior transformação em coordenadas decimais para a visualização no site “Confiança desde a Origem”.

Sobre as oito fazendas apontadas, que fazem parte dos 70 mil pecuaristas fornecedores da JBS, elas não apresentam nenhuma inconformidade relacionada à referência geográfica disponibilizada no site “Confiança dede a Origem”. No entanto, as coordenadas apontadas como sendo da Fazenda Santa Vera, localizada em Barra do Garças-MT, não conferem com as coordenadas registradas no sistema da JBS para a referida propriedade, que está localizada em -14,95; -52,3, ou seja, a 80km da coordenada indicada pela reportagem.

2) A equipe da Repórter Brasil visitou fazendas que fornecem gado à JBS e registrou em vídeos georreferenciados procedimentos violentos que contrariam a política de bem-estar animal que a JBS em seu site oficial afirma seguir, bem como as recomendações dos manuais de boas práticas de manejo do Ministério da Agricultura sobre o assunto. Abaixo, segue lista detalhada e específica das fazendas que fornecem gado à JBS visitadas pela reportagem. Que providências a empresa pretende tomar com relação a cada um dos casos listados abaixo?

SITUAÇÕES POR PROPRIEDADE:

Fazenda Santa Vera, Barra do Garças (MT)
Coordenadas de GPS: -15.70132, -52.28597

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda Santa Vera foi abatido pela unidade de Barra do Garças no dia 4 de dezembro de 2015. Nessa mesma data, a equipe da Repórter Brasil registrou em vídeo o carregamento de gado em um caminhão a serviço da JBS, em que foram usados choques elétricos para que os animais embarcassem mais rapidamente. Também foram registradas agressões aos animais dentro do curral e marcações com ferro quente durante a realização de ultrassom – procedimentos que contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda Santa Cruz da Serra, Barra do Garças (MT)
Coordenada de GPS: -15.43504, -52.20303

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda foi abatido pela unidade de Barra do Garças no dia 2 de dezembro de 2015. Estivemos no local referenciado pela JBS no mapa, onde a fazenda estava identificada com o nome de Santa Catarina e o gerente confirmou que vendia gado à JBS. A Repórter Brasil registrou em vídeo bezerros sendo tratados com violência durante a vacinação, bois em currais lotados e bezerros sendo marcados no rosto com ferro quente sem nenhum tipo de limpeza ou proteção na área – procedimentos que contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda Caiçara, General Carneiro (MT)
Coordenada de GPS: -15.76792, -52.72351

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda foi abatido pelo frigorífico de Barra do Garças no dia 18/11/2015 e em outras 26 datas no segundo semestre de 2015. Na maternidade da fazenda, os bezerros eram laçados e tratados de forma violenta – procedimento que contraria a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Alnor Agropecuária/Fazenda Conquista, Nova Xavantina (MT)
Coordenada de GPS: -14.673947, -52.276442

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda Conquista foi abatido pela unidade de Barra do Garças  no dia 06/11/2015. A Alnor Agropecuária se localiza a 650 metros do local apontado pelo sistema da JBS e o gerente confirmou que vendia gado à JBS. Os animais eram tratados de forma violenta no curral durante procedimentos como inseminação artificial – o que contraria a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda Bocaina, Barra do Garças (MT)
Coordenada de GPS: -15.56803, -52.56928

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda Santa Clara foi abatido pela unidade de Barra do Garças no dia 26/08/15. Os funcionários da fazenda Bocaina em Barra do Garças afirmam que criam gado para a fazenda Santa Clara, e os bois no local também possuíam as iniciais da fazenda destinatária (SC). No local, os gados eram tratados com socos, pontapés e lanças dentro  – procedimentos que contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda Capoeirão, Damolândia (GO)
Coordenada de GPS: -16.23504, -49.34719

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda Capoeirão foi abatido pela unidade de Goiânia no dia 24 de novembro de 2015. No local, o gerente da fazenda confirmou que era um fornecedor da JBS. Presenciamos um embarque para um transporte interno da fazenda, no último mês de janeiro, quando os gados eram agredidos com bastões e bandeiras, e choques elétricos eram usados contra eles. Os caminhões também não esperaram o tempo recomendado pelo Ministério da Agricultura (15 minutos) para que os animais se acomodassem dentro do caminhão. Todos esses procedimentos contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda São Manoel, Guarantã (SP)
Coordenada de GPS: -21.90789, -49.58393

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, gado fornecido pela fazenda foi abatido na unidade de Lins no dia 6 de janeiro de 2016. Os funcionários no local também confirmaram que o confinamento vendia gado a JBS. No local, os bois estavam com um comportamento anormal e se mostravam agitados, quando foram atingidos dentro do curral com diversas pauladas deferidas com bandeiras brancas. Além disso, diversos deles tinham feridas abertas sem o devido tratamento, e o transporte era feito com os bois ainda machucados. Todos esses procedimentos contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

Fazenda Tropa dos Doze, Três Lagoas (MS)
Coordenada de GPS:-20.72609, -51.75319

De acordo com o sistema “Confiança desde a Origem”, a fazenda forneceu gado ao frigorífico de Andradina em 10 de fevereiro de 2016. No local indicado pelo sistema da JBS, os funcionários também confirmaram que a fazenda vendia gado ao frigorífico. Na maternidade da fazenda, bezerros nascidos há um dia eram arrastados por cavalos com as suas pernas amarradas e eram imobilizados com violência. Esses procedimentos contrariam a política de bem-estar animal da JBS e as recomendações do Ministério da Agricultura.

A JBS conta com uma política de Bem-Estar Animal exercida em todas as unidades da companhia, que está de acordo com padrões internacionais e é baseada no respeito às cinco liberdades fundamentais dos animais (livre de fome e sede; livre de desconforto; livre de dor, injúria e doença; livre para expressar seu comportamento natural; livre de medo e estresse). Para garantir essas liberdades, a companhia adota rígidos padrões de transporte e manejo correto dos animais, possui uma frota de veículos apropriada para o transporte de bovinos – a única do Brasil com elevador para embarcar e desembarcar os animais de forma mais tranquila, além de realizar constantes treinamentos e capacitação dos colaboradores em boas praticas de manejo no transporte e nos currais dos frigoríficos.

A JBS também é a única no país que possui câmeras de monitoramento para avaliação dos indicadores de Bem-Estar Animal em todas as suas 40 unidades de bovinos, que são acompanhadas por especialistas da companhia do desembarque no frigorífico até o abate dos animais. Porém, é importante esclarecer que a JBS não é responsável pelo manejo interno das fazendas, apesar de se preocupar e investir constantemente em treinamentos com os pecuaristas e seus funcionários, com capacitação realizada pela World Animal Protection (WAP), que é principal ONG de defesa dos animais no mundo, assim como mantém parceria técnica com as maiores referências globais no assunto. Além disso, 100% dos motoristas da JBS e terceiros são treinados em Bem-Estar Animal, recebem certificados e assinam um termo de responsabilidade sobre essa política da companhia.

A JBS também sempre entra em contato com os produtores, a fim de reorientá-los, caso seja detectado algum problema de contusão durante o abate dos animais que pode ter sido causado por manejo incorreto na fazenda. A companhia procede da mesma forma caso identifique que a contusão possa ter acontecido durante o transporte e/ou no curral do frigorífico.

Além disso, em abril deste ano, a JBS liderou um projeto inédito no mercado brasileiro ao lançar um modelo de caminhão totalmente desenvolvido para garantir o bem-estar animal, com mais espaço e qualidade para transporte de gado. A carreta foi desenvolvida para ser o mais confortável possível para os animais, com altura interna mais adequada, divisórias internas sem pontas e um elevador hidráulico, que torna a entrada e saída dos animais mais organizada e proporciona um manejo tranquilo da boiada. Setenta novos caminhões já foram recebidos pela JBS, de uma encomenda de 100 veículos, que serão entregues nos próximos meses.

É importante ressaltar que, no início deste ano, a JBS foi considerada uma das melhores empresas do mundo no que se refere à prática de bem-estar animal, segundo apontamento da quarta edição do The Business Benchmark on Farm Animal Welfare (BBFAW), relatório anual de alcance global sobre o tema, desenvolvido por duas ONGs internacionais: a World Animal Protection (WAP) e a Compassion in World Farming (CIWF).

NOTA DA REPORTAGEM: A JBS confirma que as oito fazendas visitadas pela Repórter Brasil são fornecedoras de gado da companhia ao declarar: “Sobre as oito fazendas apontadas, que fazem parte dos 70 mil pecuaristas fornecedores da JBS, elas não apresentam nenhuma inconformidade relacionada à referência geográfica disponibilizada no site “Confiança dede a Origem”. Sobre a localização da fazenda Santa Vera, as coordenadas de GPS em nada comprometem o fato central de que essa fazenda vende gado para a JBS e está na lista de fornecedores da empresa. As imagens referentes a esse caso foram filmadas pela Repórter Brasil dentro da propriedade e registram os animais entrando em um caminhão com a logomarca da JBS.

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