“É preciso estar alertas, amigos!” À primeira vista, a frase pode parecer exagerada ou pura retórica para conseguir aplausos. Mas, em conferência no Gigantinho, Ramonet mostra que não dá mais para acreditar que a mídia fiscaliza os três poderes governamentais. Já não cola mais a idéia da mídia como quarto poder, que defende os interesses dos cidadãos contra os abusos do Estado.
Para Ramonet, os grandes grupos de comunicação, que atuam em escala global, são “atores centrais” da globalização. “Eles não têm o objetivo de ser contra-poder; eles se unem a outros poderes para oprimir os cidadãos”, afirma. Como exemplo, ele citou o caso da Venezuela, onde “o grupo Cisneros dirige as forças de oposição ao governo Chávez e suas reformas”.
Depois dessa aula de ética nos meios de comunicação, Ramonet seguiu para a Assembléia Legislativa e, ainda de crachá, ficou sentado ao lado de Hugo Chávez. Em seu discurso de duas horas, o presidente venezuelano se dirigiu cinco vezes a Ramonet e recomendou seu livro “A tirania da comunicação”.
Ramonet também prometeu partir para o ataque e relançar o observatório internacional dos meios de comunicação na segunda-feira (27/01), também no 3o Fórum Social Mundial.