Folheto sobre terrorismo inicia discussão

O bate-boca entre Israelenses e Palestinos foi causada por um panfleto sobre terrorismo
Por Daniela Matielo
 24/01/2003

A manifestação palestina no Fórum Social Mundial foi iniciada em um protesto pela libertação de Abla Sa’adat, esposa do secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina, Ahmed Sa’adat, que foi raptada a caminho do evento, para o qual era convidada especial, segundo os palestinos.

Com bandeiras e roupas características, o grito de ordem, até então pacífico, era “Viva a Palestina”. Entretanto, um folheto que passou a ser distribuído pela Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRGS), na manhã de hoje, despertou a revolta no grupo. O folheto tinha como título “Terrorismo Palestino Mata a Paz”. As vozes palestinas passaram a gritar “Viva, viva a Intifada!”

“Eles levantaram a bandeira da guerra, nós levantamos a bandeira da paz”, diz um manifestante judeu, sem se identificar. “A Intifada é a guerra”, conclui.

“A Intifada não é a guerra. A Intifada é a resistência contra a invasão.”, explica Tiane Zingano Mahmud, brasileira muçulmana que gritava com o grupo palestino. Tiane é casada com um muçulmano e conta que seus sogros vieram da Palestina para o Brasil na época da criação do Estado de Israel, quando foram retirados de suas casas. Ela afirma que os palestinos não querem a guerra e condena ações terroristas, como a da Al Qaeda, porém diz que os ataques suicidas são a única defesa que restou aos palestinos.

“Eles não têm como se defender! Não têm os Estados Unidos por trás. Não têm armas. E vêem seus filhos, esposas, serem assassinados a sangue frio. Aí, amarram bombas em si mesmos porque é a única forma que têm para se defender.”

O grupo muçulmano é formado por representantes de diversos países, desde a Colômbia até o Líbano. Os palestinos falam inglês com um sotaque carregado e não querem dar nomes, porque voltarão a seu país e tem medo da perseguição israelense. Mas dizem que não fazem parte de uma única organização e sim de diversas associações, que reúnem de médicos a agricultores, que vieram ao FSM lutar por sua causa.

“O povo palestino foi expulso de seu território para a criação do Estado judeu. Pensou-se em criar Israel em diferentes lugares, inclusive na Patagônia argentina. Porém era muito longe para trazer todos até aqui”, afirma Maher Jaber, da sociedade Árabe-Palestina brasileira. Sobre o conflito, conclui: “A guerra é territorial, não religiosa. Os palestinos respeitam o direito espiritual dos judeus.”

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