O corredor da PUC, em Porto Alegre parou para ver no telão a entrevista do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em Davos, Suíça. Era o Fórum Social Mundial assistindo o palestrante (que, anteontem, foi o dono da fala de maior público do encontro de Porto Alegre) falar agora em sua antítese, o Fórum Econômico Mundial.
Lula criticou os gastos com armamentos e pediu maior atenção social das instituições internacionais. Falou que o diálogo entre os dois fóruns é possível. “Se não houver diálogo, nós provavelmente entraremos em outro milênio fazendo as mesmas coisas que estamos fazendo hoje.” Lula ainda lembrou que foi aplaudido por todos nos FSM quando disse que ia levar a Davos a mensagem de Porto Alegre.
Para ele, que comparou o diálogo à uma mesa de negociação sindical, uma vez que “patrões” (Davos) e trabalhadores (Porto Alegre), se sentarem em torno de uma mesa, vão descobrir muita coisa em comum. A fala causou aplausos na Suíça. E silêncio em Porto Alegre.
Exatamente quando começava a falar que seu vice era um empresário, patrão de 17 mil empregados, o satélite que transmitia o sinal de Davos para a TV da Radiobrás caiu. A rede cortou para seu repórter, que estava no saguão da PUC, para pegar a reação dos que assistiram ao discurso. Quando a segunda pessoa ouvida pelo repórter começou a fazer ressalvas sobre a fala de Lula, o auditório, tomado quase que só por brasileiros, vaiou, depois emendando “Olê, Olê, Olê, Olá…Lula, Lula”.
Quando o repórter da TV pediu para as pessoas reunidas no sagüão da PUC dizer o que tinham achado do discurso, a reposta foi uma salva de palmas.
José Chrispiniano, jornalista, é autor do livro “A Guerrilha Surreal”, Editora Conrad