A banda dá os primeiros acordes. Há bandeiras sendo balançadas. Passos coreografados; ao lado, oito ginastas jovens. Já tem muitas pessoas em torno do grupo que embora jovem é muito experiente. A banda varia as músicas, percussão marcando forte, o público olha; instrumentos de sopro fazem solos e intervenções, roubam os olhares; bandeiras tremulam…
A ginástica rítmica começa a desenvolver movimentos acrobáticos com bambolês, fitas e bastões; dançam, dão estrelinhas e a cada parada recebem palmas satisfeitas do público.
A escola é a EMEF Paulo Prado, do Morro Doce, Pq. Anhanguera, que, em iniciativa, incomum hoje, criou e apóia uma Banda Marcial (tipo de fanfarra que se difere em alguns instrumentos de sopro). Dentro desta está o grupo de ginástica ritmica.
Ana Carolina, Karem e Bruna de doze anos; Cibele e Gina, treze anos; Patricia de catorze anos e Daniela e Jaqueline, quinze anos. Todas, exceto Jaqueline que está no ensino médio, estudam na escola Paulo Prado e cursam o ensino fundamental.
Percebemos que o amor pela ginástica e pela escola é comum em todas. É comum também o motivo que as levou a praticarem ginástica ritmica. “Vimos as meninas mais velhas fazendo ginástica ou pela televisão e dava vontade de fazer”, resume Karem. “Nós treinamos muito para passar pelo teste, é muito difícil. Eu tentei uma vez e não consegui entrar, aí depois eu fiz outro teste e consegui” conta Patricia. “Já eu, treinei escondida da minha mãe sete meses. Ela achava que eu não conseguiria, mas eu treinei, treinei e minha mãe só viu no dia da apresentação”, conta Jaqueline, líder das ginastas.
O entrosamento entre elas se espelha até no sonho de serem famosas de Jaqueline, Patrícia Cibele e Bruna ou ainda no desejo de ser feliz, independente da carreira como disseram Karem, Gina, Ana Carolina e Daniele.
Quando as abordamos sobre a escola em que estudam os elogios foram diversos, desde a forma de ensino e seus professores até as oportunidades e o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na escola. Claro! Também apareceram queixas como “aquele professor é chato, não gosto do lanche, a sala é muito cheia, etc; nada grave.
Vejam as mensagens que elas deixam para outros alunos: “Eu falaria para você aproveitar a aula como se fosse a última aula que você tem na vida porque amanhã você não pode estar lá mais”; “Eles têm que aproveitar todas as oportunidades, tirar o maior proveito possível do conhecimento, o jovem com a escola é igual o homem com a natureza: tem que lembrar que fazemos parte dela e teremos uma escola com mais carinho e amor”.
Luciano Luca