A história do MAB remonta à ditadura militar, especialmente ao período que passou para a história com o nome de “milagre brasileiro”. Três grandes usinas hidrelétricas construídas no final dos anos 70 – Sobradinho, no Nordeste; Tucuruí, na região Norte; e a maior delas, Itaipu, no sul do país – expulsaram milhares de agricultores e suas famílias de suas terras. “Havia uma parceria entre o capital internacional, que entrava com a tecnologia, e o governo militar, responsável pela resolução das questões sócio-ambientais. Mas as populações não tinham seus direitos respeitados e saíam sem nada”, relata Cervinski. Entretanto, a articulação do movimento só começou a tomar corpo com a realização do I Encontro Nacional de Trabalhadores Atingidos por Barragens, em abril de 1989. Hoje o MAB representa mais de 20 mil famílias em todo o Brasil. De acordo com dados da Aneel, atualmente o Brasil possui cerca de 141 usinas hidrelétricas e 246 Pequenas Centrais Hidrelétricas em operação. Há ainda cerca de 50 empreendimentos em construção e mais 237 outorgados pelo governo que ainda não saíram do papel. Por incrível que pareça, não existem estimativas oficiais sobre o número exato de pessoas que serão desalojadas. “Porém, pelas nossas contas, mais de 100 mil famílias acabarão expulsas das áreas ribeirinhas que ocupam, para a formação dos reservatórios dessas barragens”, adverte Cervinski. |