Enquanto o tema da energia proveniente dos combustíveis fósseis tem suscitado calorosos debates públicos desde o reposicionamento do governo boliviano sobre os recursos do país, fora das manchetes dos jornais segue outro caloroso embate, centrado nos dois maiores projetos de geração de energia elétrica do Brasil – as hidrelétricas de Belo Monte, no Pará, e de Santo Antônio e Jirau, parte do Complexo do rio Madeira, em Rondônia.
Aproveitando as águas do rio Xingu, Belo Monte prevê a geração de 11mil MW/ano a partir de uma barragem de 440 km². A obra, sob responsabilidade da Eletronorte, está paralisada por uma liminar do Ministério Público Federal desde março deste ano, baixo a alegação de que não foi cumprida pelo Congresso Nacional uma premissa constitucional que prevê que projetos que tangem terras indígenas realizem audiências prévias com os atingidos.
A liminar, que suscitou veementes protestos dos setores elétrico e da construção envolvidos no projeto, foi alvo de dois recursos, impetrados pela Eletrobrás e pela Eletronorte. Ambos foram rejeitados pelo juiz Avio Mozar Ferraz de Novaes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, como divulgado terça-feira (9). Segundo o Ministério Público, que comemorou a decisão, ainda cabem recursos nas instâncias superiores e, já que a liminar tem caráter provisório, o processo original continua tramitando na Justiça Federal. “Mas, enquanto isso, permanece proibido o licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte”, afirma nota do MP.
Já o complexo do rio Madeira, que, além das duas usinas, prevê também a viabilização de uma hidrovia que servirá ao escoamento das safras de grãos da região, deve produzir cerca de 6,45 mil MW/ano e inundar uma área de 217 km². O andamento do projeto depende agora de um estudo de impacto ambiental por parte do Ibama, que, apesar da crescente pressão dos empreendedores Furnas e Odebrecht, parece estar optando, no caso, por um estóico posicionamento de defesa da legalidade.
A despeito das sinalizações da Justiça e do Ibama, a importância econômica de ambos os projetos, que, segundo o Ministério de Minas e Energia, deverão produzir futuramente cerca de 60% da eletricidade consumida no país, vem sendo apregoada como fator decisivo para a inevitabilidade de sua realização. Tanto que, segundo o jornal Valor Econômico, em fevereiro passado o então presidente do BNDES (e atual ministro da Fazenda), Guido Mantega, teria afirmado que "a decisão [da construção do complexo do Madeira] já está tomada pelo presidente Lula. Não tem discussão". Tom parecido foi usado pela senadora Fátima Cleide (PT-RO), em recente audiência pública em Porto Velho: “O fato é que, a gente querendo ou não, o empreendimento vai acontecer”.
Mas, contrariando o ministro Mantega e a senadora Cleide, o presidente Lula não parece nem decidido, nem aberto a atropelos. No último dia 5, durante a inauguração da Usina de Aimorés, em Minas Gerais, em seu discurso Lula deu um recado claro aos empreendedores mais afoitos. “Toda vez que eu ouço um discurso reclamando de que [os órgãos ambientais] estão dificultando a construção de um projeto qualquer, é importante a gente lembrar que esses organismos estão cumprindo a legislação”, avisou.
O presidente também lembrou que, independente de qualquer coisa, o Ministério Público teria de ser levado em conta. “Temos grandes projetos no Brasil que têm problemas sérios e, muitas vezes, quando um licenciamento prévio para funcionar uma obra é negado, é porque se sabe que, se o Ministério Público for acionado, a primeira coisa que será colocada em disponibilidade serão os bens de quem autorizou”.
E concluiu: “Eu estou dizendo isso para chamar a atenção de vocês, porque nós temos Belo Monte, que foi pensada para 11 mil megawatts, e dificilmente será autorizada com mais de 6 mil megawatts. Nós temos duas hidrelétricas no rio Madeira, que são hidrelétricas acima de 4 ou 5 mil megawatts. Para construir essas duas hidrelétricas, vai ser uma guerra, primeiro dentro do próprio governo: o Ministério de Minas e Energia quer fazer, e o Ministério do Meio Ambiente quer cumprir a lei. Segundo, vai ser uma guerra da sociedade, porque certamente não faltarão liminares na Justiça de cada cidade por onde vai passar o rio Madeira”.
Embate
A previsão de Lula sobre chuvas e tempestades tem se confirmado. Ainda em fevereiro, Guido Mantega havia afirmado que a obtenção da licença ambiental prévia para o Complexo do rio Madeira, primeiro passo para a arrancada da obra, ocorreria em maio. Não aconteceu. O que houve nas últimas duas semanas foi um aquecimento dos ânimos no embate entre organizações da sociedade civil, contrárias ao projeto, e o Ministério das Minas e Energia, Furnas e a empreiteira Odebrecht, suas principais defensoras.
O primeiro grupo, que vem se mobilizando desde o inicio do ano – e com mais intensidade nas últimas semanas -, baseia sua resistência em levantamentos sobre os impactos ambientais e sociais da obra nas comunidades indígenas e ribeirinhas, e a provável poluição da água que abastece Porto Velho. O segundo vem adotando um tom de impaciência. Em audiência realizada nesta terça (9), em Brasília, por exemplo, o diretor de Engenharia da Eletrobrás, Luciano Varella, teria chamado de “estressante” o debate ambiental e proposto uma liberação das obras independente de licenças.
Por sua vez, o Ibama tem sinalizado que não cederá a pressões neste caso. Na audiência de terça, o diretor de Licenciamento e Qualidade Ambiental do órgão, Luiz Felipe Kunz Jr., afirmou que o licenciamento ambiental de um projeto do porte do Madeira é um processo complexo. “Poderão acontecer impactos irreparáveis àquela região, às espécie de peixes, às populações ribeirinhas e às comunidades indígenas que vivem ali”, esclarece.
Sobre o processo de Belo Monte, os procuradores da República no Pará, Marco Antonio de Almeida e Felício Pontes Jr, autores da liminar que interrompeu o processo de licenciamento das obras, avaliam que a recente decisão da Justiça contra os recursos da Eletrobrás e da Eletronorte é um sinal de que existe uma compreensão do judiciário da necessidade do cumprimento das normas constitucionais acima de interesses econômicos. “É também uma comprovação de que a análise técnica do MP não tem como ser derrubada”, afirma Pontes, que acredita que a sentença final deve manter a decisão da liminar provisória.
Para os procuradores, a pressão dos setores interessado na aceleração da liberação das obras da hidrelétrica, por outro lado, deve encontrar dois obstáculos agora: um físico, que é a baixa das águas do Xingu (que impossibilita os estudos de impacto ambiental). E outro político.
“Em ano eleitoral, ignorar problemas ambientais e sociais pode ser um ônus e não um bônus. Vários deputados federais da região foram eleitos por posicionamentos contrários a Belo Monte, e isso conta. O discurso da geração de emprego e renda [por grandes obras] já não tem eco na Amazônia, principalmente depois de experiências como a Transamazônica. Em Anapu, por exemplo, quando começou a se falar na construção da usina, a população simplesmente triplicou. Foram milhares de migrantes nordestinos, gente miserável em busca de trabalho na construção civil. Há três anos, o prefeito do município me disse que estava desesperado porque não tinha como atender a essa população com políticas públicas”, afirma Pontes. E conclui: “O povo percebeu que este modelo [dos megaprojetos] não significa desenvolvimento; é o mesmo discurso usado pela ditadura”.
Descobri um jeito de gerar energia eletrica no rio madeira sem mexer com ribeirinhos, indios , e ecologistas.e outros incomodados.Estou disposto a ajudar o governo LULA.porem se aprovado, quero recompensa,pode ser que a encrenca tenha acabado usando tecnologia de grande imaginacao.
“Os nossos parantes nunca precisaram receber energia elétrica, sei que o projeto não está pensando em beneficiar só os povos da floresta. Mas penso assim isso não está sendo projetado pensando na necessidade da população brasileira mais sim em intenções financeiras na operação com outros projetos, a forma de colocar o população como os beneficiários não passa de uma farça para que isso aconteça, as famílias iram apenas sofrer com essa construção tanto financeiramente como nos outros atos políticos dos grupos afetados.
A HIDRELÉTRICA NÃO DEVE SER CONSTRUIDA!
nossa o prefeito desse município não quer atender o pedido das pessoas?mais na eleição ele disse eu vou construir a hidrelétrica e vou dar moradia digna a todos.que falta de consideração.