Trabalho infantil diminui em todos os países, revela OIT

A Organização Internacional do Trabalho registra pela primeira vez redução em todo os países. No mundo, de cada dez crianças que trabalham, sete estão no setor agrícola
Cecília Jorge e Ana Paula Marra
 04/05/2006

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) registra pela primeira vez redução no trabalho infantil em todo os países. É o que mostra o relatório Fim do Trabalho Infantil: Um Objetivo ao Nosso Alcance, divulgado nesta quinta-feira (4) pela OIT, no Palácio do Planalto. De 2000 a 2004, houve queda de 11% no número de crianças e adolescentes trabalhadores, que passou de 246 milhões para 218 milhões.

Entre as crianças de 5 a 14 anos, a queda foi mais significativa: 33%. Já o envolvimento em atividades perigosas diminuiu 26% na faixa etária de cinco a 17 anos, segundo o relatório da OIT. Em 2000, a estimativa era de que 179 milhões de crianças e jovens estavam em trabalhos perigosos ou insalubres, contra 126 milhões em 2004.

De acordo com o documento, a América Latina e o Caribe apresentaram os melhores resultados. Apenas 5% das crianças de cinco a 14 anos estão envolvidas no trabalho, representando redução de dois terços no período de quatro anos.

O relatório aponta ainda que será possível eliminar em 10 anos o trabalho infantil em suas piores formas se o ritmo de redução atual for mantido e o momento atual de sensibilização para combater o trabalho infantil continuar. O estudo atribui esse resultado à vontade política, conscientização e ações concretas, particularmente no campo do combate à pobreza e na área da educação.

No campo

A agricultura é o setor que mais concentra o trabalho infantil no mundo. De acordo com o relatório Fim do Trabalho Infantil: Um Objetivo ao Nosso Alcance, divulgado hoje (4) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 69% das crianças trabalham no setor, número que equivale a 130 milhões de meninas e meninos.

O documento mostra que as crianças, especialmente as meninas, tendem a começar a trabalhar na agricultura entre 5 e 7 anos de idade. Em alguns países, calcula-se que as crianças com menos de 10 anos representem cerca de 20% do trabalho infantil no setor.

O relatório destaca, no entanto, que muito desse trabalho é "invisível", já que a agricultura ainda é uma atividade pouco regulamentada em todo o mundo. "Não surpreende que este seja um setor no qual os sindicatos são tradicionalmente fracos. As leis sobre o trabalho infantil, quando existem, aplicam-se de forma menos rigorosa na agricultura do que em outros setores", diz o levantamento.

Os setores de serviço e indústria também chamam a atenção da OIT pela presença de trabalho infantil. O primeiro – que inclui o comércio varejista e atacadista, construção e hotelaria, transportes e finanças – concentra 22% das crianças trabalhadoras. A indústria (nos segmentos de minas e pedreiras, manufatura e construção) representa 9%.

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