O grupo móvel de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego flagrou, na última quinta-feira (8), 17 trabalhadores em situação análoga à escravidão na Fazenda Amazônia, localizada no município de Pacajá, atravessado pela rodovia Transamazônica, no Pará. Eles trabalhavam no preparo do pasto e instalação de cercas. Entre os libertados, havia uma mulher e um jovem de 17 anos. José Carlos Galletti, madeireiro e proprietário da fazenda, deverá desembolsar cerca de R$ 30 mil de direitos trabalhistas aos libertados nesta terça-feira (13).
De acordo com o coordenador da operação, o auditor fiscal do Trabalho Humberto Pereira, os libertados vieram todos do Maranhão e já chegaram ao Pará devendo ao empregador, pois o transporte foi cobrado pela fazenda. Eles estavam alojados, de forma precária, em barracos de lona preta. Alimentos, ferramentas e equipamentos de proteção individual (EPIs) eram somados diariamente à dívida dos peões – que não recebiam salário desde janeiro, quando chegaram.
"Eles nos contaram que havia quatro pistoleiros, que fugiram quando nós chegamos", relata Humberto. Além do MTE, também fizeram parte da ação um procurador do Ministério Público do Trabalho e agentes da Polícia Federal.
Há denúncias de maus-tratos e ameaças aos trabalhadores. O grupo móvel só chegou à fazenda porque uma pessoa foi expulsa da propriedade e abandonada na rodovia Transamazônica. O trabalhador levou uma semana para percorrer 150 quilômetros até o município de Tucuruí.
O Pará é o estado brasileiro recordista em trabalho escravo. Segundo estatísticas da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 1995 a 2005 foram libertadas 7.129 pessoas que viviam em situação análoga à escravidão.