Da AE
Uma operação conjunta do Grupo Especial de Combate ao Trabalho Escravo da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) da Bahia e Polícia Militar resultou na libertação de 45 trabalhadores mantidos em condições análogas à escravidão pelos donos da Carvoaria Nova Invernada, situada no município de Formosa do Rio Preto, oeste baiano, a 1002 quilômetros de Salvador. O flagrante ocorreu no final de maio, mas somente ontem a DRT-BA divulgou o fato. Nos primeiros cinco meses do ano, 336 trabalhadores foram encontrados na mesma situação em carvoarias e fazendas do oeste da Bahia.
Obrigados a viver precariamente em barracas de lona armadas no meio do mato, dormindo em "camas" feitas com restos de sacos sobre pedaços de madeira, os trabalhadores consumiam água fornecida por um carro-pipa com reservatório enferrujado e não utilizavam qualquer equipamento de segurança para realizar o penoso serviço de carvoeiro. Eles compravam alimentos na vendinha controlada pelos donos da carvoaria e como sempre ocorre nesse sistema, acabavam sempre devendo mais do que iriam receber de salário, caracterizando o que os técnicos do Ministério do Trabalho chamam de "servidão por dívida".
Logo depois de serem libertados pelos fiscais e PMs, os trabalhadores foram alojados em um hotel da região enquanto a empresa arrumava o dinheiro para pagar o que devia. A carvoaria desembolsou R$ 81,3 mil nas indenizações.