Do G1, no Rio, com informações do Globo Online
A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) vai ouvir, nesta terça-feira (19), os envolvidos na denúncia de trabalho escravo em Bangu, na Zona Oeste.
Manoel Gomes Xavier, Kevio Romenio Monteiro da Silva e Norlandio Souza Azevedo, foram detidos na segunda (18), quando policiais da DRT e da Polícia Federal encontraram cerca de 50 trabalhadores, vindos da Paraíba, vivendo em condições subhumanas.
Nos primeiros depoimentos prestados, os três empregadores assinaram um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta e se comprometeram a apresentar toda a documentação existente e registros de empregados sob pena de multa de R$ 5 mil por cada trabalhador, reversível ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Os empregados também serão ouvidos.
"A situação é precária. O alojamento não tem condições pois não obedece o dimensionamento que determina a lei. Não há banheiros adequados, água potável e os trabalhadores não dispõem de qualquer condição de higiene. Em tese, parece que há trabalho por servidão de dívida, mas isso ainda está sendo investigado", explicou o procurador Marcelo José Fernandes da Silva.
De acordo com o procurador, um dos empregadores alegou que a tecelagem é a única atividade econômica na cidade de São Bento das Redes, na Paraíba, e que é comum trabalhadores de lá se deslocarem em várias épocas do ano para venderem as redes produzidas pela tecelagem.
Segundo as primeiras informações da polícia, Manoel Gomes Xavier, dono da tecelagem São José, no interior da Paraíba, dava em média R$ 1,5 mil a cada trabalhador. Em troca, eles vinham para o Rio vender redes e pagar a dívida. O dinheiro era deixado com a família para garantir o sustento até sua volta.
Chegando aqui, os trabalhadores recebiam apenas comissões por cada rede vendida, o que representava, em média, R$ 2. Os empregadores não custeavam transporte e alimentação e os trabalhadores tomavam novos empréstimos para arcar com essas despesas.