Amazônia

Ritmo do desmatamento deve continuar a cair em 2006

Estimativa feita pelo Inpe e divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente indica até agora uma redução de 11% em relação ao ano passado. Consolidação dos dados do período 2004/2005 confirma queda de 31% em relação ao período anterior, a maior redução registrada nos últimos 9 anos
Maurício Thuswohl
 06/09/2006

A diminuição do ritmo de desmatamento na Amazônia registrada no ano passado deve se repetir em 2006. A estimativa foi feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que divulgou nessa terça-feira (5) em Brasília os números atualizados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), serviço desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que utiliza imagens de alta precisão dos satélites LandSat e Cbers para detectar desmatamentos a partir de seis hectares na região.

Os dados fornecidos pelo Deter _ que somente serão consolidados no começo de 2007 _ indicam que nos primeiros meses deste ano já foi desmatada na Amazônia uma área de 10.943 quilômetros quadrados. Uma vez mantido esse ritmo, segundo os analistas do Inpe, a área total desmatada na região em 2006 será de cerca de 16.700 quilômetros quadrados. Isso significará uma redução de cerca de 11% na taxa de desmatamento da Amazônia em comparação ao ano passado, quando foramdesmatados 18.790 quilômetros quadrados.

A ministra comemorou os novos números divulgados pelo Inpe: “Estamos agora, mais uma vez, com uma tendência de queda, mas mostrando que não é episódica, como vinha acontecendo ao longo de muitos anos. O resultado demonstra uma situação de governança, de ação conjunta de comando e controle, envolvendo vários órgãos do governo”, disse Marina, segundo o boletim informativo do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

O maior motivo de satisfação para o MMA foi a divulgação dos dados consolidados do Deter relativos a 2004/2005, que confirmaram a previsão feita em dezembro pelo ministério e apresentaram queda de 31% do desmatamento da Amazônia no período em relação ao ano anterior, quando foram desmatados cerca de 27 mil quilômetros quadrados de floresta: “É uma taxa de redução do desmatamento altamente significativa, pois representa a primeira grande queda em nove anos”, disse Marina Silva, lembrando que quando assumiu o governo, em 2003, o índice de desmatamento na região vinha de uma alta de 27%.

Secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco também comemorou a confirmação dos dados de 2004/2005: “Os números do Deter contrariam várias análises e sugestões de que não seria possível segurar a queda de 31% ocorrida em 2005. Mesmo no pior dos cenários para os próximos meses, o desmatamento ficará na faixa dos 18 mil quilômetros quadrados. Além disso, teremos dois anos consecutivos de taxas abaixo dos 20 mil quilômetros quadrados, o que significa uma volta ao patamar da segunda metade da década de 1990”, disse.

Em 2005, Maranhão e Tocantins foram os campeões do desmatamento. Este ano, de acordo com o que indicam até agora as projeções do Inpe, o grande vilão passa a ser o Pará, que apresenta um aumento do desmatamento de cerca de 50% em 2006. Catorze entre os 20 municípios com os maiores índices de desmatamento no ano passado apresentaram redução nas previsões para este ano. O município mais devastado até agora em 2006 é São Félix do Xingu, no Pará, com taxa de 32% de desmatamento. Segundo o MMA, com os dados consolidados de 2004/2005, o total da área desmatada na Amazônia chegou a quase 670 mil quilômetros quadrados, área equivalente a 17,5% da cobertura florestal original.

APOIE

A REPÓRTER BRASIL

Sua contribuição permite que a gente continue revelando o que muita gente faz de tudo para esconder

LEIA TAMBÉM