Tecnologia Nacional

 26/09/2006

Desde 2004, o governo brasileiro desembolsou cerca de R$ 50 milhões para que universidades desenvolvessem tecnologias próprias para a televisão digital. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), pesquisadores chegaram a conceber um padrão de modulação genuinamente nacional, batizado de Sorcer. "A modulação é o que efetivamente define o sistema. Em muitos aspectos, ele é superior aos que já existem, tem um desempenho fantástico", garante Cristina Castro, uma de suas idealizadoras.

Mas por que então não se adota o padrão nacional? "A escolha dessa tecnologia só faria sentido se fosse acompanhada de uma política industrial e de desenvolvimento para Brasil", responde Gustavo Gindre. A opção pelo Sorcer certamente reverteria dividendos consideráveis a um país que se acostumou a exportar commodities e a importar tecnologias de alto valor agregado. Por outro lado, de nada adiantaria a escolha do padrão brasileiro se o nosso parque de produção não desse conta da gigantesca demanda que está por vir. Nesse sentido, o atraso pesou na balança a favor do ISDB-T.

A rigor, o decreto presidencial assinado em junho não garante que produtos das pesquisas daqui sejam de fato incorporados ao modelo nipônico. E não será fácil convencer os japoneses a abrir mão de sua patente. "Mas tenho certeza de que o governo não vai adotar o padrão internacional na íntegra. Apresentamos os resultados técnicos para os ministros, não é possível que o governo abra mão dessa tecnologia. Mas, mesmo que não desse em nada, os laboratórios que foram montados e as equipes que foram treinadas com esses recursos gerou uma rede invejável em comunicação digital no Brasil", afirma Cristina.

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